ATA DA TERCEIRA SESSÃO ORDINÁRIA DA SEXTA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA NONA LEGISLATURA, EM 18.03.1988.
Aos dezoito
dias do mês de março do ano de mil novecentos e oitenta e oito reuniu-se, na
Sala de Sessões do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre,
em sua Terceira Sessão Ordinária da Sexta Sessão Legislativa Ordinária da Nona
Legislatura. Às nove horas e quarenta e cinco minutos foi realizada a segunda
chamada, sendo respondida pelos Vereadores Adão Eliseu, Antonio Hohlfeldt, Aranha
Filho, Artur Zanella, Auro Campani, Bernadete Vidal, Brochado da Rocha, Caio
Lustosa, Cleom Guatimozim, Clóvis Brum, Ennio Terra, Flávio Coulon, Frederico
Barbosa, Getúlio Brizolla, Gladis Mantelli, Hermes Dutra, Ignácio Neis, Isaac
Ainhorn, Jorge Goularte, Kenny Braga, Lauro Hagemann, Luiz Braz, Mano José,
Nilton Comin, Pedro Ruas, Raul Casa, Teresinha Irigaray e Werner Becker.
Constatada a existência de “quorum”, o Sr. Presidente declarou abertos os
trabalhos e determinou ao Ver. Hermes Dutra que procedesse à leitura de trecho
da Bíblia. A seguir, a Sra. Secretária procedeu à leitura das Atas da Primeira
e da Segunda Sessões Ordinárias e da Primeira e da Segunda Sessões
Extraordinárias, que foram aprovadas. Do EXPEDIENTE constaram: Ofício nº 1255/88, da Câmara Municipal de São
João da Boa Vista, SP; Ofícios-circulares nºs 01/88, da Câmara Municipal de
Encruzilhada do Sul; 02/88, da Câmara Municipal de Salvador do Sul; Cartões do
Dr. Waldir Walter, Secretário de Segurança Pública; da Sra. Erna D’Ávila e família;
Telegramas, do Sr. Wilson Nailor Noer, Presidente do Clube de Diretores
Lojistas; do Sr. Pedro Cardoso de Azevedo, Presidente do Centro Comunitário de
Desenvolvimento da Tristeza. Às nove horas e cinqüenta e sete minutos, o Sr.
Presidente suspendeu os trabalhos, nos termos do art. 84, III do Regimento
Interno. Às dez horas e quinze minutos, constatada a existência de “quorum”, o
Sr. Presidente reabriu os trabalhos e foi iniciada a ORDEM DO DIA. Em Discussão
Geral e Votação Secreta, foi aprovado o Projeto de Lei do Executivo nº 09/88,
por vinte e sete votos SIM contra um voto NÃO, após ter sido discutido pelos
Vereadores Antonio Hohlfeldt e Werner Becker e encaminhado à votação pelos
Vereadores Cleom Guatimozim, Jorge Goularte e Hermes Dutra, tendo sido
escrutinadores os Vereadores Niltom Comin e Hermes Dutra. Em Discussão Geral e
Votação Secreta, foi aprovado o Projeto de Lei do Legislativo n.º 11/88, por
vinte e cinco votos SIM contra um voto NÃO, tendo sido escrutinadores os
Vereadores Niltom Comin e Hermes Dutra. Em Discussão Geral e Votação Secreta,
foi aprovado o Projeto de Lei do Executivo n.º 17/87, por dezenove votos SIM
contra dois votos NÃO e dois votos em BRANCO, após ter sido discutido pelos
Vereadores Werner Becker e Aranha Filho e encaminhado à votação pelos
Vereadores Caio Lustosa e Adão Eliseu, tendo sido escrutinadores os Vereadores
Artur Zanella e Auro Campani. A seguir, foi votada a Emenda ao Projeto de Lei
do Executivo n.º 17/87 que por duas vezes obteve um resultado de doze votos SIM
contra doze votos NÃO, determinando, o Sr. Presidente, que fosse encaminhada à
Auditoria da Casa consulta sobre a organicidade do parágrafo único do art. 116
do Regimento Interno. Ainda, foram aprovados os seguintes Requerimentos,
solicitando dispensas de distribuições em avulsos e interstícios para suas
Redações Finais, considerando-as aprovadas nesta data: da Verª. Gladis
Mantelli, em relação ao Projeto de Lei do Legislativo n.º 11/88; do Ver. Cleom
Guatimozim, em relação ao Projeto de Lei do Executivo n.º 09/88. Em Votação,
esteve o Projeto de Lei do Executivo n.º 51/87, que deixou de ser votado em
face da inexistência de “quorum”. Durante os trabalhos, o Sr. Presidente
registrou a presença, no Plenário, do ex-Vereador Reginaldo Pujol e respondeu
Questões de Ordem dos Vereadores Kenny Braga, Werner Becker, Aranha Filho e
Antonio Hohlfeldt, acerca da votação da Emenda ao Projeto de Lei do Executivo
n.º 17/87 e do parágrafo único do art. 116 do Regimento Interno. Às treze horas
e vinte e um minutos, foi realizada nova chamada, registrando-se a presença dos
Vereadores Artur Zanella, Brochado da Rocha, Caio Lustosa, Flávio Coulon,
Frederico Barbosa, Gladis Mantelli, Hermes Dutra, Luiz Braz e Werner Becker.
Constatada a inexistência de “quorum”, o Sr. Presidente levantou os trabalhos
nos termos do parágrafo único do art. 71 do Regimento Interno, convocando os
Senhores Vereadores para a Sessão Ordinária da próxima segunda-feira, à hora
regimental. Os trabalhos foram presididos pelos Vereadores Brochado da Rocha,
Frederico Barbosa e Gladis Mantelli e secretariados pelos Vereadores Gladis
Mantelli e Lauro Hagemann. Do que eu, Gladis Mantelli, 1ª Secretária,
determinei fosse lavrada a presente Ata que, após lida e aprovada, será
assinada pelo Sr. Presidente e por mim.
O SR. PRESIDENTE: Estão suspensos os
trabalhos.
(Suspendem-se os trabalhos às 9h57min.)
O SR. PRESIDENTE (Frederico Barbosa – às 10h15min): Estão reabertos os trabalhos da
presente Sessão.
Solicito à Sra. 1ª. Secretária que proceda à chamada nominal para
verificação de “quorum”.
A SRA. 1ª. SECRETÁRIA: (Procede à chamada). Há
“quorum”, Sr. Presidente.
PROC. 0411/88 – PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO N.º
09/88, que
reajusta os vencimentos dos funcionários da Administração Centralizada e
Autárquica do Município e dá outras providências.
Parecer Conjunto:
- da CJR, CFO e CUTHAB. Rel. Geral, Ver.
Kenny Braga: pela aprovação.
O SR. PRESIDENTE: Em discussão o PLE n.º
09/88. Está com a palavra, para discutir, o Ver. Antonio Hohlfeldt.
O SR. ANTONIO HOHLFELDT: Sr. Presidente, Srs.
Vereadores, acho que é importante que nós registremos, e deixemos registrado
nos Anais desta Casa, alguns dados relativos à política de pessoal da Administração
Collares, com que pretendemos provar que não corresponde à realidade o discurso
da Administração de que não tem condições de dar aumentos maiores ao
funcionalismo. Eu posso admitir, neste momento, especificamente neste momento,
em face à vinculação da arrecadação municipal ao retorno do ICM, que se dá, de
março a abril, o retorno de janeiro e fevereiro em que, evidentemente, a
arrecadação é menor, que eventualmente em março o caixa da Prefeitura enfrente
problemas. Quero deixar claro que por uma questão de justiça isso seja
verdadeiro. Isso significa, portanto, que em maio, recomposto o caixa, a
administração do Sr. Alceu Collares fica com um compromisso de fazer a
recuperação real dos salários. Mas quero me ater a alguns dados mais amplos em
relação a essa questão. Gostaria de chamar a atenção de que, com o reajuste dos
40% propostos agora, o funcionalismo público ainda fica com uma defasagem em
torno de 33%, o que significa que, em abril, se nós trabalharmos com uma
inflação média no mês de março de 17%, que tem sido a inflação mais ou menos
prevista para estes primeiros meses, em abril seria necessário um reajuste de
76% para recompor o poder de compra. Este é o primeiro dado.
O segundo dado que me parece importante...
O Sr. Werner Becker: V. Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) V. Exa. diz que, por um preito de justiça, não tem
que ser tão pródigo com o Prefeito, pode ser que para fevereiro e março tivesse
um dinheirinho que o Prefeito não quis arrecadar, e deve ter um outro desse tipo.
Em outra intervenção vou demonstrar.
O SR. ANTONIO HOHLFELDT: Fica o registro do Ver. Werner Becker.
Trabalhei apenas com dados oficiais e V. Exa. acrescentará outros dados não
informados.
Bem, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, tem sido normalmente utilizada a desculpa da baixa arrecadação e da má situação financeira da Prefeitura para justificar esse arrocho salarial. Vamos ver o que aconteceu: em 1986, favorecida pelo Plano Cruzado 1, a receita municipal cresceu 184%, e a despesa de pessoal aumentou, apenas, 43% ,ou seja, é apenas ¼ do aumento da receita, ou um pouco menos. E esses são dados oficiais, retirados do relatório da Prefeitura, relativos a 1986.
Portanto, quatro vezes menor o aumento do funcionalismo em relação ao
aumento da receita.
Em 1987 a Receita cresceu 181% e a despesa com pessoal cresceu 85%,
menos da metade. A Receita Líquida da Administração Centralizada, de janeiro de
1986, quando o Sr. Alceu Collares toma posse, a dezembro de 1987, aumentou
650%. No mesmo período, os reajustes acumulados concedidos ao funcionalismo
subiram apenas 385%, ou seja, um pouco mais do que a metade. Esse me parece que
é um dado básico.
Mas o mais grave, Sr. Presidente, Srs. Vereadores, é que a
Administração Pública se queixa da falta de dinheiro, mas o que nós vemos de
real nessa Administração? Gastos excessivos na área da publicidade e da
propaganda, seja na quantidade, seja na qualidade do material. Todos nós temos
visto o esbanjamento, sobretudo na SMED, Secretaria Municipal da Educação, com
papel couché, na promoção dos CIENs. O que me parece uma contradição
fantástica. O CIEN é feito para o povão, mas é promovido em papel de rico, já
que papel couché, como todo mundo sabe, é o papel mais caro que se produz
industrialmente. Mais do que isso, atendendo a 2 Pedidos de Informação deste
Vereador, a Administração entregou-nos os dados relativos à contratação de
funcionários, no nosso entendimento, de forma ilegal, e basta ler o que diz o
artigo 111, mantendo, evidentemente, uma expansão do número de funcionários e
da folha de pagamento de funcionários.
Então, vejam os senhores, o número de servidores na Administração
Centralizada, nos primeiros 18 meses da Administração Collares, cresceu 20%,
aumentou o número de servidores públicos em 20%, enquanto que o crescimento da
população de Porto Alegre foi de apenas 4%. Daí uma decorrência, que vai ser
nossa discussão nos próximos dias, de que a FESC, que deveria ser a Fundação
Educacional e Social, transformou-se no Fundo Especial de Socorro aos
Companheiros, que é exatamente onde se penduraram os cabides para garantir este
empreguismo da Administração.
Mais do que isso, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, nós temos alguns
dados interessantes, nesta área, que me parecem importantes. Em primeiro lugar,
os servidores que recebem até 5 salários-mínimos, em 85, eram 7.031 na
Administração Centralizada, 65% do funcionalismo, subiu para 8.157, mas o
percentual é de 67%, não tem uma grande variação. No DMAE, eram 1.843, 86%,
baixaram para 1559, 74%; no DMLU eram 1.639, 94%, baixaram para 1.708, 90%. A
média era 10.513, 71% do funcionalismo, subiu para 11.424 funcionários,
mantendo-se como 71% do funcionalismo. Os dados, se os Vereadores quiserem
confirmar, advêm do boletim estatístico de 85 comparados com os dados enviados
a este Vereador ao Pedido de Informações nº 151/87, que está à disposição dos
Srs. Vereadores.
Neste Governo socialista, nós temos, portanto, mais de 2/3 dos funcionários públicos municipais vivendo com salários que correspondem a uma marginalização social evidente. E querem ver a prova? Os Vereadores que ontem à tarde transitaram pelo nosso pátio de estacionamento, os Vereadores que têm ido em algumas Secretarias, nos últimos dias, têm encontrado vendedores de roupas usadas nos pátios das Secretarias, o que é uma dupla prova, de um lado, de uma incidência de uma economia informal de quem vende o produto para sobreviver e uma incidência evidente da necessidade do funcionalismo adquirir produtos básicos para sua sobrevivência, fora do esquema tradicional, exatamente porque não tem o poder aquisitivo.
O SR. PRESIDENTE: Ver. Antonio Hohlfeldt, o Ver. Hermes Dutra
se inscreve e cede seu tempo a V. Exa.
O SR. ANTONIO HOHLFELDT: Eu agradeço ao Ver. Hermes Dutra. Eu acho que
o levantamento destes dados é importante para que se registre nos Anais da Casa
e não se diga, portanto, que este Vereador, ou os Vereadores em geral, estão
votando matéria desconhecendo-a na sua profundidade. O curioso, Ver. Hermes
Dutra – e este me parece um dado básico –, é que, enquanto se mantém estável,
nestes anos da administração, o número de servidores atingidos por baixos
salários, sobe o número de servidores de salários superiores e que são os
companheiros. Na Centralizada, se vai de 221 para 374. No DMAE, se diminui – e,
portanto, ponto para o Dr. Petersen – de 31 para 12. Agora, no DMLU, se dá um
pequeno salto: de 8 para 47 funcionários. Ou seja, nós ampliamos os mais altos
salários, de 260 para 433 funcionários. E, aí, cruzando os dados de quem
recebe, nós verificamos que os mais altos salários, Ver. Hermes Dutra e Ver.
Mano José, não são dos concursados, são exatamente daqueles que detêm cargos e
que, ou recebem adicionais através das Ordens de Serviço, ou que foram
contratados através de Cargos de Confiança, para cujas instituições nós temos
sido continuamente chamados a votar nesta Casa, e hoje ainda. Portanto, neste
sentido, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, o que nós queremos enfatizar é
exatamente que, tendo crescido a despesa com o funcionalismo, neste período, em
apenas 165%, e tendo crescido a receita em 688%, uma diferença de quatro vezes
mais, é evidente que a desculpa, que a justificativa de que não há dinheiro não
pega, não pode funcionar como justificativa; o que existe, realmente – e já
dizíamos isso em relação ao discurso e ao debate aqui na Casa sobre o orçamento
de 88 –, é que há uma clara política de arrocho salarial, política esta que é,
exatamente, uma maneira de ficar com o dinheiro em caixa, igual ao que vemos no
Estado, e, de outro lado, uma política, e aqui fica a interrogação, que guarda
dinheiro, talvez, para a campanha eleitoral de 88, e isso nós vamos tentar
verificar, acompanhar e fiscalizar no decorrer deste ano.
O Sr. Hermes Dutra: V. Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Já tinha dito, em conversa, a V. Exa., mas digo,
agora, oficialmente, para que os Anais registrem: é que já me arrependo de ter
tentado dar uma mão para o Município de Porto Alegre, na qual V. Exa.
participou, que foram Emendas de efeito tributário que elevaram bastante a
receita do Município, numa demonstração clara de que a nossa preocupação era
com o Município de Porto Alegre, mas a aplicação desse dinheiro não está tendo
a correspondência que se esperava; e se V. Exa. não falou, ou falou, eu perdi o
início de seu discurso, mas de qualquer forma, se falou, gostaria de dar ênfase
nas gordas gratificações para alguns, porque lembro, na época da ditadura, o
artigo que permitia uma gratificação para aquele funcionário que tivesse uma
defasagem, ou fizesse um serviço especial, não passava de 30 e poucos, e hoje a
administração socialista botou um zero, deve estar 300 e poucos em valores que
incham o cálculo que V. Exa. fez, que a despesa com pessoal subiu 165%, mas
mesmo o cálculo que V. Exa. faz está inchado com estes valores, o que demonstra
que, na realidade, se aprofundarmos uma análise, veremos que a despesa com
pessoal propriamente dita não atingiu o percentual de 165%, foi menos ainda.
O SR. ANTONIO HOHLFELDT: Perfeito, Vereador, V. Exa., conhecendo a
área da administração, completa o raciocínio que estava colocando: eu estava
levantando dados, e até um dado que já trouxemos em outras ocasiões, e vamos
voltar na próxima semana, porque a minha Assessoria preparou uma análise
estatística comparativa da administração Collares com o período anterior, e
vamos verificar que a administração Collares é um desastre, nem na educação
conseguiu crescer. Conseguiu crescer na área da saúde graças a algumas verbas
federais, mas a conclusão é esta: se houve eventual acréscimo, deve-se mais ao
inchamento propiciado pelo artigo 111 e às ordens de serviço, ou seja, a esta
promoção para o topo de alguns, em detrimento da maioria absoluta do grosso do
funcionalismo público municipal. Concordo com a conclusão de V. Exa., que é a
minha conclusão, ou seja, não apenas é uma prática de arrocho generalizado,
como ao se ampliar o número de funcionários por cima dos não-concursados,
sobretudo, ou de privilégios a alguns que, para isso, evidentemente, assinam a
ficha partidária e exercem as funções de cabos eleitorais dentro das suas
repartições, e tivemos o exemplo no Seminário do Projeto Praia do Guaíba, onde
um companheiro do PDT, funcionário público, esmerou-se na defesa da
administração, com todo o meu respeito ao companheiro. Esta é uma situação
preocupante, que gera distorções não na administração atual apenas, mas que
cria as distorções para o futuro. Para não falarmos numa série de medidas
administrativas que estão sendo tomadas e que terão repercussões: a
reorganização, entre aspas, de várias Secretarias, entre as quais a do
Planejamento, terá conseqüências na Administração Pública Municipal graves
graças a uma politiquinha de companheiros que realmente hoje marca a
administração Collares na Prefeitura de Porto Alegre.
O Sr. Luiz Braz: V. Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) V. Ex.ª citava os gastos com o papel couché para a
divulgação do Projeto Praia do Guaíba.
O SR. ANTONIO HOHLFELDT: Citei do Projeto CIEM, mas V. Exa. me lembra
do Projeto Praia do Guaíba.
O Sr. Luiz Braz: Os CIEMs, que é um projeto
para o povão, quero lembrar a V. Exa. que desde o início da administração
Collares houve uma preocupação muito grande em divulgar, lançar para a
população uma imagem de um governo realizador, quando na verdade sabemos que
isto não acontece. E esta ação do Governo Collares está sendo feita com o
dinheiro público, que está sendo gasto e que não sabemos a quanto alça esse
gasto todo, visando exatamente este período eleitoral que vamos começar a viver
a partir de agora.
O SR. ANTONIO HOHLFELDT: O Governo Collares não vem divulgando o que
faz, vem divulgando até o que não fez. Se, por exemplo, V. Exa. toma a
propaganda governamental, que fala nos conselhos populares, ignorando,
absolutamente, a decisão correta ou incorreta – e eu me sinto muito tranqüilo
para falar, porque votei a favor, como o Ver. Caio Lustosa – da Casa de não
aprovar o Projeto, continua como realização da administração. E até digo mais:
acho o Projeto Praia do Guaíba – até entendo que vai papel couché, afinal, é
para rico; o arquiteto Debiagi, a administração está vendendo o Projeto para o
rico, o rico adora papel couché, é bom, agora, o projeto de pobre, para atender
pobre, imaginem a contradição! Por exemplo, poderia fazer com papel mais
simples, respeitando, concentrando dinheiro no projeto, e não na propaganda, e
por aí afora. Então, me parece, há uma série de contradições. E vejam V. Exas.
a atitude da bancada do PDT. Enquanto nós discutimos o assunto, trazendo dados,
a Bancada, evidentemente, se omite. Por quê? Não tem como responder. É conversa
paralela, finge que não ouve, finge que não se importa. Desafio a Bancada do
PDT a retirar estes dados – não hoje, nos próximos dias. São os dados tirados
dos boletins de estatística. E aqui quero retificar uma denúncia: boletins de
estatística que não vêm sendo oferecidos à opinião pública dentro dos prazos
legais, porque até agora nós não temos o boletim de 1987, não foi publicado.
Consegui os dados do primeiro semestre através de um Pedido de Informação. E
temos uma outra denúncia, Ver. Luiz Braz, de que, na verdade, o Secretário do
Planejamento interveio no setor de planejamento, responsável pela estatística;
ela estava pronta. Quando o Secretário viu os dados que seriam negativos,
interveio, ou seja, nós vamos receber dados devidamente maquiados, e daí o
atraso; a gente leva tempo para maquiar alguma coisa.
O Sr. Artur Zanella: V. Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) É só para justificar uma declaração minha, anterior,
aqui desta tribuna. É por isto que, quando nos cobram aqui que determinados
projetos têm que ser aprovados pela Secretaria de Planejamento, eu já estou
contra, porque tenho notado que sempre a decisão pessoal do Secretário é que
determina os rumos daquela Secretaria, por isto não aceito mais esta imposição de
que devem ser da Secretaria de Planejamento. Já tenho minhas sérias dúvidas se
os técnicos estão ouvindo ou não.
O SR. ANTONIO HOHLFELDT: Fica o registro, Ver. Zanella, embora eu ache
que ainda vale a pena nós pedirmos para ouvir, ao menos para dar chance dos
técnicos terem acesso ao projeto e eventualmente discutirem entre si, mesmo que
não decidam. Acho que pelo menos isso nos serve, porque até pelo menos nós
podemos, através destes técnicos, ter uma assessoria ao nosso trabalho, às
denúncias e, eventualmente, se o Partido de V. Exa. ou o meu assumir a
Prefeitura, nós possamos recuperar esta estrutura imediatamente na Secretaria
de Planejamento. Quer dizer, acho que, apesar de tudo, nós temos que manter uma
luta e uma denúncia em relação a esta centralização que, eu concordo com V.
Exa., existe, sobretudo em relação à Secretaria de Planejamento do Município.
Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Inscreve-se o Ver. Werner Becker. V. Exa.
tem 10 minutos.
O SR. WERNER BECKER: Sr. Presidente, Srs. Vereadores e Srs.
Funcionários da Casa. Não consigo enxergar daqui – parece que está de costas
para mim – a Dra. Terezinha, funcionária do Executivo, que tem por incumbência
acompanhar as Sessões da Câmara Municipal e levar ao Sr. Prefeito aqueles dados
que lhe parecem mais importantes. Falo talvez a alguém que tenha interesse em
me ouvir deste Plenário, mas, fundamentalmente, gostaria de ter a atenção da
Dra. Terezinha, para que levasse esses dados que vou anunciar da tribuna ao Sr.
Prefeito, que talvez ele desconheça, quando se discute o aumento do
funcionalismo, pequeno, reduzido, eis que o Executivo alega que mais não se
pode dar, porque mais não se tem. Eu pretendo demonstrar que alguma coisa a
mais se tem, e procurando, certamente, há de se encontrar mais. É apenas um
exemplo, um bom exemplo, um gordo exemplo, mas é um exemplo. Se o Sr. Prefeito
procurar talvez com mais cuidado, e mais atenção às necessidades do
funcionalismo, ele vai arrumar mais condições, mais numerário para atender melhor
essas reivindicações. Vou-me referir, por exemplo, à situação fiscal da
Maguefa, esse enorme patrimônio à beira da Praia de Belas, que se encontra
absolutamente protegido de qualquer arrecadação fiscal, por que, não sei. Mas,
eis os dados, e não venha-me dizer que não são verdadeiros. Vou dar os números
e datas.
Sr. Presidente e Srs. Vereadores, o primeiro Processo é o Processo
01186051510, correu na 3ª. Vara da Fazenda Pública, o autor é o Município de
Porto Alegre, o réu, Maguefa Administração e Participação Ltda. Sr. Presidente
e Srs. Vereadores, sabem o que aconteceu? Executaram pessoa errada! Não tiveram
a preocupação nem de juntar o contrato social da empresa, e o Município foi
condenado a pagar 5% de toda essa gorda importância aos cofres da Maguefa. Sr.
Presidente e Srs. Vereadores, não é o caso Maguefa anterior, é o caso Maguefa
1987!
O Sr. Caio Lustosa: V. Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Vereador, acho que essa denúncia de V. Exa. tem suma
gravidade, porque isso implica, a nosso ver, uma responsabilidade de quem, na
Procuradoria do Município, logrou com esse erro, porque isso é uma imperícia
flagrante e acarreta culpabilidade do servidor, no caso, do Procurador do
Município que tenha agido dessa forma e cabe ao Município cobrar, desse
servidor, por esse prejuízo, por essa despesa processual que V. Exa. está
apontando. Acho que temos que investigar bem isso. Muito obrigado.
O SR. WERNER BECKER: É, eu concordo com V. Exa. Então, depois de
todas as trapalhadas da Maguefa, depois de todos os problemas causados no
âmbito municipal, a Maguefa é aquinhoada com o recebimento de uma polpuda
indenização a título de sucumbência por erro grosseiro do Município. Ninguém me
contou, eu vi – como diria a minha vó –, “com esses olhos que a terra há de
comer”, o recibo do Procurador da Maguefa. Parabéns à Maguefa! Era só o que
faltava, depois de tudo isso ainda ser contemplada com um régio presente dos
cofres do Município. Não dá para pagar, gerindo assim coisa pública, melhor o
funcionalismo.
O Sr. Flávio Coulon: V. Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Esses acontecimentos narrados por V. Exa. se referem
à gestão Alceu Collares?
O SR. WERNER BECKER: Eu não sei se à gestão Alceu Collares, mas é
1987. Mas, não ficou por aí não. Foi em 1987; agora, se o Sr. Prefeito tem com
isso, ou não tem com isso, se ele sabe disso, ou não sabe disso, penso que é um
problema de ordem do Executivo. Os Vereadores do PDT, bacharéis desta Casa,
devem estar certamente surpresos e –
como se diria – de olhos arregalados. Mas não ficou por aí, não; aí se
ajuizou outro, e o Executivo não teve nem a preocupação de juntar o contrato
social da ré para identificar, inclusive, aqueles que podem receber citação. E
eu vi no jornal que não tinham sido citados por causa das férias forenses e eu
ouvi, aqui, na sala da Presidência, que a penhora já tinha sido feita. Não é
verdade, como diria aquele antigo bolero: “tudo é mentira, nada é verdade”.
Desde julho do ano passado... Quero fazer um parêntese e cumprimentar o meu
amigo Dr. Reginaldo Pujol, que, ao ouvir o bolero, evidentemente sorriu e me
encantou com o seu sorriso e a sua presença. Recordações, algumas distantes,
mas bem presentes.
Diz o Ver. Zanella que é um tango. Em todo o caso, no caso e na
espécie, me parece que é “tudo a media luz”.
O Sr. Hermes Dutra: V. Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) V. Exa, Vereador, faz uma denúncia gravíssima, mas de
uma gravidade com a qual fico preocupado.
O SR. WERNER BECKER: Comigo?
O Sr. Hermes Dutra: Não, com a questão. Aliás,
V. Exa. saudava o Sr. Reginaldo Pujol, eu o saúdo, também. Acho que ele deve
ter ficado de “cabelos em pé”, tal a gravidade disto aí que V. Exa. falou. Mas
há uma Comissão Especial na Casa que estuda isto e já estou preocupado porque acho
que já nem deve mais ser a Comissão Especial, Ver. Zanella, isto está começando
a cheirar, tem que ser uma CPI, tal a gravidade do assunto. Mas não me
surpreende, Ver. Werner Becker, porque o Executivo trata assim; agora, o que me
surpreende, e não me conformo, é com a passividade do PDT nesta Casa, isto eu
não me conformo, Vereador. Sou grato a V. Exa.
O SR. WERNER BECKER: Como eu dizia, biblicamente: o que tenho eu
a ver com os meus irmãos do PDT?
O Sr. Isaac Ainhorn: V. Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Eu só queria dizer a V. Exa., antes de mais nada,
que, embora não seja membro desta Comissão Especial, participei da sua primeira
reunião, inclusive fiz ao Sr. Procurador do Município inúmeros questionamentos,
esclarecimentos, e por esta razão a minha estranheza, até, não pela denúncia de
V. Exa., que é muito séria e que tem que ser investigada, inclusive quem
assinou, porque há um servidor municipal que assinou a petição inicial,
evidentemente.
O SR. WERNER BECKER: Posso informar a V. Exa quem é. Interessa a
V. Exa. o seu nome?
O Sr. Isaac Ainhorn: Este servidor municipal,
evidentemente, deve saber plenamente a distinção entre Maguefa Empreendimentos
Imobiliários e Maguefa Administração e Participações Ltda. São duas empresas,
evidente; é só ver. E tem mais: tem que se ver talvez até que este servidor
municipal possa ter sido induzido em erro, porquanto a certidão de dívida
ativa, Ver. Werner Becker, veja V. Exa., a certidão de dívida ativa, que serve
de base para preparar a petição inicial pode ter sido com o nome da Maguefa
Participação e Administração. A partir daí, induziu em erro o Sr. Servidor
Municipal. Aliás, até há outro aspecto: vi os autos, na condição de advogado, a
lei nos faculta, embora não sejamos procuradores de qualquer parte, o acesso a
qualquer processo no Foro, a menos que seja em segredo de justiça, que não é o
caso. Realmente, há um Termo de Penhora, eu vi com esses olhos. No Termo de
Penhora já há a intimação ao credor hipotecário que, inclusive, pediu a reserva
de sua parte. As minhas posições não contraditam em nada o que V. exa. diz. O
que me causa surpresa é que, em fevereiro, não temos as férias forenses, na 1ª.
Instância, isso é banal, e o Serventuário da Justiça, o meirinho, se encontra
há mais de 45 dias com o mandato intimatório para intimar da penhora, mandado
já expedido, para intimar da penhora, a fim que fluam os embargos da execução,
até hoje não o fazendo.
O SR. PRESIDENTE: Ver. Werner Becker, V. Exa. já está falando
no tempo que lhe cede o Ver. Jorge Goularte. O Ver. Aranha Filho se inscreve e
também lhe cede o tempo; se V. Exa. o desejar, poderá usá-lo.
O SR. WERNER BECKER: Certamente o Ver. Cleom Guatimozim, que está
pedindo aparte, vai dizer que o objeto da discussão é o aumento do
funcionalismo. E estou explicando porque não dá para pagar. Porque há dinheiro
por aí que a Prefeitura não está pagando. Se o Sr. Presidente quiser cassar meu
discurso, acho que não ficaria bem para essa Câmara, na hora que se faz uma
revelação desse tipo, dizer-se que não é para falar nisso.
O SR. PRESIDENTE: Sr. Vereador, a Mesa se sente na obrigação,
por força do Regimento, de interromper o pronunciamento de V. Exa. sem, em
nenhum momento, cassar o pronunciamento de ninguém, muito menos dos Vereadores
desta Casa.
Antes de passar a Questão de Ordem ao Ver. Cleom Guatimozim, gostaria
de registrar a presença em Plenário do ex-Vereador desta Casa Reginaldo Pujol.
O SR. CLEOM GUATIMOZIM (Questão de Ordem):
Sr. Presidente, este Vereador não deseja que cassem a palavra de ninguém, nem
que a mesa tome nenhuma atitude. Apenas, como me distraí discutindo um Projeto
com o Ver. Pedro Ruas, eu pensei que não estivesse mais em discussão o aumento
do funcionalismo, mas vejo que está e eu retiro a Questão de Ordem.
O SR. PRESIDENTE: Ver. Werner Becker, V. Exa. passa a ter agora
mais 8 minutos à sua disposição.
O SR. WERNER BECKER: Cometi uma injustiça com o Ver. Cleom
Guatimozim, que neste momento surpreende-me demonstrando sua face democrática.
Sr. Presidente, Srs. Vereadores, não param por aí os motivos por que a
Prefeitura não pode pagar. Em julho, mais precisamente no dia 4, o ofício de
citação estava com o Oficial de Justiça, que após certificou que não poderia
citar porque o endereço da Maguefa foi dado errado. Então, não se teve a
preocupação de tirar o contrato social e dar o nome dos responsáveis legais e o
nome e endereço da empresa ré. Foi por boa vontade do Juiz que não se mandou
arquivar o processo ainda, ou talvez o juiz, sensível ao escândalo, não quis
arquivar. Porque as condições processuais para o arquivamento do Processo já
estão complementadas.
Mas, então, desde 4 de julho, anda o Sr. Oficial de Justiça procurando
na Rua da Praia onde é a Maguefa e, a Prefeitura, a 3 quadras dali, não diz
onde está a Maguefa. E é por isso que a Maguefa não é citada, e talvez esteja
esperando uma outra citação para procurar novos enganos formais e ser
contemplada com outra verba de 5% de honorários.
O Sr. Isaac Ainhorn: V. Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Os males que a Maguefa continua causando, exatamente,
se a Maguefa tivesse a sensibilidade de pagar essa dívida de uma vez, e diga-se
de passagem, que foi o Governo do Prefeito Alceu Collares que, bem ou mal, de
imediato, quando se investiu no mandato de Prefeito de Porto Alegre, iniciou o
processo de Execução contra a Maguefa, se há uma morosidade no procedimento
judicial é outra coisa, mas em janeiro de 1986 a ação já estava ajuizada.
Informo a V. Exa. que, em contato com o proponente dessa comissão especial que
examina o problema do IPTU, a Comissão de Urbanização, Transportes e Habitação
desta Casa em contato com o Ver. Zanella já está disposta a ampliar o trabalho
em relação à investigação da Maguefa, inclusive com relação ao regime
urbanístico lá existente para esta área.
O SR. WERNER BECKER: Agora fico sabendo que foi o Executivo
Municipal o responsável pela execução da Maguefa, e evidentemente o responsável
pelo erro judiciário que proporcionou, corrigidos hoje, de honorários à
Maguefa, mais de um milhão de cruzados.
O Sr. Antonio Hohlfeldt: V. Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Ouço, Ver. Werner Becker, com atenção a sua
exposição, que acho que é extremamente importante, e apenas me preocupa um
dado, na medida que a administração pública desconhece o endereço da Maguefa.
Mas a Maguefa anda dando notícias a torto e a direito nos jornais, quem sabe o
Prefeito ou o seu Procurador não perguntam aos jornalistas onde é que eles
localizam o pessoal da Maguefa. Pois, veja V. Exa., que coisa terrível, os jornalistas
da cidade de Porto Alegre encontram o pessoal da Maguefa, tanto que põe as
notícias da Maguefa, que ela vai vender, mas a administração pública não
consegue encontrar. Ou é muita competência do meu pessoal da imprensa, ou é
muita incompetência do Poder Público Municipal.
O SR. WERNER BECKER: E, acompanhando V. Exa., queria informar ao
Executivo Municipal que, dia 29, o pessoal da Maguefa estará aqui, é só pedir
para o Oficial de Justiça vir citá-los.
Ver. Zanella, acho que dá para encurtar os prazos, porque senão vão
dizer que o Legislativo está fazendo como o Executivo, sempre prorrogando os
prazos da Maguefa.
O Sr. Artur Zanella: V. Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Estava previsto que, nesta quinta-feira, fosse
convidado o representante da Maguefa. Como nós convidamos, anteriormente, o Dr.
Baggio, então ficou o Dr. Baggio para esta próxima quinta-feira e, na outra
terça-feira, então, sim, o representante da Maguefa estará aqui.
O SR. WERNER BECKER: Eu até vou aproveitar a sugestão do Ver.
Antonio Hohlfeldt. O Ver. Antonio Hohlfeldt poderia me ajudar dando o nome do
jornalista e eu vou pedir ao jornalista o endereço onde o acharam e, talvez
assim, o Sr. Prefeito possa dar o endereço ao Oficial de Justiça.
O Sr. Pedro Ruas: V. Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Ver. Werner Becker, é óbvio que a denúncia de V. Exa.
tem a maior importância e deve ser investigada exaustivamente. Agora, me
parece, Ver. Werner Becker, não sei se ouvi bem, mas V. Exa. disse que teria o
nome daquele Procurador, provavelmente de carreira do Município, que assinou a
petição inicial do processo de execução. Mas não ouvi V. Exa. declinar o nome
dessa pessoa.
O Sr. Artur Zanella: Eu queria perguntar a V.
Exa. se este Procurador não fez a sua citação baseada em dados fornecidos a ele
pela Secretaria Municipal da Fazenda do Município?
O SR. WERNER BECKER: V. Exa. tem que perguntar para ele, não para
mim, isso aí ninguém pode responder.
O Sr. Artur Zanella: Eu respondo, porque o
Procurador Geral do Município, na Comissão, disse o seguinte: que a citação foi
feita baseada em informações da Secretaria Municipal da Fazenda que, por sinal,
errou a citação do imposto da minha casa. Errou o nome do proprietário.
O SR. WERNER BECKER: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, com alguma
experiência advocatícia, que o Ver. Zanella não tem, eu vou informar que não se
vai para citar alguém atrás de informações de fulano ou beltrano, a gente pega
uma pessoa jurídica, uma Certidão da Junta Comercial e se junta a certidão,
tira o nome, e vai no Registro de Imóveis e se vêm em nome de quem o imóvel
está. É isto o que se deve fazer. O nome do Procurador é o Dr. Salvador
Vigotto, que assinou a petição.
O Sr. Hermes Dutra: V. Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Eu peço desculpas aos advogados da Casa pela breve
incursão que faço no ramo, mas tenho a impressão de que o que vale,
efetivamente, é a certidão com fé pública, fornecida pela Secretaria da
Fazenda.
O SR. WERNER BECKER: O que vale é a Certidão do Registro de
Imóveis, em nome do proprietário.
O Sr. Hermes Dutra: Mas quem diz quem deve, não
é a Junta Comercial, é a Secretaria da Fazenda.
O SR. WERNER BECKER: V. Exa. tem um entendimento muito
respeitável, processualmente, mas posso dizer que não é o sufragado pela
maioria dos tribunais e mesmo pela Lei. Peço que V. Exa. defenda-o em seminário
apropriado. Aqui, eu prefiro ficar com o normal e com o costumeiro dentro da
jurisprudência e da letra da Lei.
O SR. PRESIDENTE: Ver. Werner Becker, V. Exa. passa a falar no
tempo do Ver. Aranha Filho e tem mais 10 minutos.
O SR. WERNER BECKER: Eu não vim aqui lecionar Direito, mas o IPTU
é gerado pela propriedade do imóvel. Então, o devedor é o proprietário do
imóvel e o proprietário do imóvel é aquele que está no Registro de Imóveis da
capital. Aquele é o devedor, é quem deve ser citado e é o que tem sido
executado. Aquele que não foi citado da primeira vez, nem foi executado,
ocasionando para a Prefeitura este dispêndio e ocasionando para a Maguefa, mais
uma vez, esta gorda vantagem.
Mas, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, se ficarmos discutindo, embora
tenhamos que discutir, quem é o responsável, nós vamos acabar deixando o
mandado do senhor Oficial de Justiça dentro da sua pasta, sem que a Maguefa
seja ainda citada.
Para encerrar, tenho certeza – não estou acusando ninguém, estou apenas
revelando um fato, e cabe ao Chefe do Executivo averiguar quem são os
responsáveis, culpadamente, ou dolosamente...
O Sr. Artur Zanella: V. Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Para tranqüilizar os integrantes da Comissão: como
estas questões de quem é dono de quem e do quê estão muito obscuras, eu pedi ao
Presidente da Junta Comercial – e ele me deferiu isto – que um funcionário
cedido a esta Casa, que é um arquivista de profissão e de formação, lá e
trouxesse, autenticados, todos os contratos, todas as alterações e todas as
Maguefas que existem, porque já têm três, Planisul também, para que possamos
ter aqui, na Câmara, a informação que o Executivo não tem.
O SR. WERNER BECKER: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, posso
afirmar que não estou denunciando ninguém, apenas um fato e uma situação que
deve ser averiguada e possa importar, ou não, depois, na responsabilidade de
alguém; em todo o caso, corrigido monetariamente, a este momento, o Executivo
Municipal já tem, no mínimo, 15 milhões, líquido e certo, para receber da
Maguefa, que tem patrimônio, que não está em estado de insolvência, e, até
agora, imobilizadamente, permanece o processo – V. Exa., Ver. Zanella, afirma
que são 65 milhões?
O Sr. Artur Zanella: 55 milhões do ano passado, e
10 milhões deste ano.
O SR. WERNER BECKER: Veja, V. Exa., que não
estou me atendo a informações verbais; por enquanto, estou me atendo ao que
está dentro dos autos. Em todo o caso, indiscutível é o valor que se corrige
agora, e foi distribuído em 23 de junho de 87, naquele tempo, Crz 6.948.567,49,
então, se é verdade o que afirma o Ver. Zanella, é muito mais grave, porque a
Prefeitura só executou, até o momento, ¼ dessa importância.
O Sr. Kenny Braga: V. Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Independentemente do que está sendo colocado na
tribuna, me preocupo com a destinação futura daquela área, hoje de propriedade
da Maguefa; se dependesse da vontade da esmagadora maioria dos moradores do
bairro Menino Deus, nós não assistiríamos à construção de nenhum espigão,
porque os moradores não desejam a construção de espigões; falei com diversas
pessoas do bairro, e este é o sentimento que colhi naquela área, e acho que,
como se trata de uma área nobre, incrustada no Centro da Cidade, esse assunto
deve ser tratado com a máxima seriedade e a população de Porto Alegre deveria
se manifestar sobre qual a destinação que se deveria dar àquela área. Para mim,
ali, hoje é uma extensão natural do Parque Marinha do Brasil e não se deveria
fazer ali nenhum tipo de construção, porque é o sentimento do povo que mora
naquela área, que não quer construção ali. Acho que o povo deveria ser
consultado a respeito disso.
(Tumulto no Plenário.)
O SR. PRESIDENTE: A Mesa solicita que o
orador que está na Tribuna tenha condições de continuar seu pronunciamento,
dando os apartes a quem desejar.
O SR. WERNER BECKER: Concordo com o Ver. Kenny
Braga, mas isto não significa que logo a Prefeitura não diligencie para botar a
mão nessa grana, que é dela, e que o Prefeito precisa tomar as medidas trazidas
e que talvez possam ajudar a pagar um pouco melhor o funcionalismo.
O Sr. Raul Casa: V. Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Concordo com seus argumentos e quero aduzir que lá,
naquela área da Maguefa, já existe o esqueleto de um edifício enorme, e, mais
do que isto, as fundações já estão feitas para espigões. A este assunto V. Exa.
deve se ater: há lá um prédio construído. V. Exa. deve se ater aos aspectos
formais e jurídicos para que não ocorra isto que V. Exa. vem dizendo.
O SR. WERNER BECKER: O que se tira, líquido e
certo, incontestável, é que a Prefeitura tem uma gorda fatia para receber da
Maguefa, que está à mão dela para receber imediatamente e não faz nada, não
diligencia em nada para receber essa importância. Mais ainda: por imperícia ,
negligência e imprudência, não só não recebeu, como possibilitou que a Maguefa,
ainda no ano passado, recebesse mais uma significativa propina dos cofres municipais.
Por isto, Ver. Antonio Hohlfeldt, enquanto fazia o seu discurso a respeito dos
dados publicados, eu diria que, se fosse mais a fundo, conseguiria outros
dados, não publicados, não revelados, um dos quais revelo agora, e gostaria que
o Sr. Prefeito desse uma satisfação a esta Casa e, fundamentalmente, à opinião
pública, porque a Prefeitura desembolsou dinheiro no ano passado para a
Maguefa, e, ao mandado judicial, no fórum, e sabem os advogados, não venham
dizer que é problema do Judiciário, o advogado tem o direito e a obrigação de
fornecer os dados suficientes para a citação do réu, e até agora não forneceu.
Eu e a Casa gostaríamos de saber, e a opinião pública também, por que não foram
oferecidos os nomes, pessoas físicas, dos réus responsáveis pela pessoa
jurídica para possibilitar a cobrança imediata desta vultosa importância.
O Sr. Pedro Ruas: V. Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Obviamente, Vereador, isto é um esclarecimento que
solicito a V. Exa. O advogado signatário da petição inicial do processo de
execução não é o único com procuração nos autos, mas pergunto a V. Exa. se é o
único que assina todas as petições do processo?
O SR. WERNER BECKER: Quero informar a V. Exa.
que o novo Executivo já está ao encargo de um novo procurador, que também, até
agora, nada mais fez no processo se não a petição inicial. Veja que está muito
diluída esta responsabilidade.
O Sr. Pedro Ruas: Nem tanto, Vereador. V. Exa.
informou que quem assinou a petição inicial continua no processo.
O SR. WERNER BECKER: Está outro atuando no novo
Executivo. Porque o Executivo anterior, o pagamento da Prefeitura já foi
arquivado, e, talvez, se esperasse, teria sido arquivado em perpétuo silencio.
Outro procurador, e mesmo assim a execução... V. Exa., como bacharel,
sabe. Os processos mais urgentes, mais rápidos são os processos da execução, e
sabe V. Exa. que é, no mínimo, negligência num processo de execução de pessoa
jurídica, cujos responsáveis legais são pessoas extremamente conhecidas em
Porto Alegre, esse mandado de citação permanecer sem cumprimento, desde julho
do ano passado.
O Sr. Pedro Ruas: Por isto, perguntei os nomes a V. Exa.
O SR. WERNER BECKER: Diria a V. Exa. que os dois processos, se V. Exa. quiser tomar nota, um está na 3ª Vara da Fazenda Pública, 01186051510, e outro na 4ª Vara da Fazenda Pública, o 01187204274. V. Exa., folhando este processo, é um processo público, encontrará novamente todos os dados que forneci aqui da tribuna. E a Casa e a opinião pública estão esperando que o Sr. Prefeito imediatamente elucide de quem é a responsabilidade por esta mora e por este inadimplemento. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Não há mais Vereadores
inscritos para a discussão. Passa-se ao período de votação, abrindo inscrições
para o encaminhamento. Inscreve-se o PDT, através do seu Líder, Ver. Cleom
Guatimozim. A seguir, inscrita a Bancada do PL.
Com a palavra o Ver. Cleom Guatimozim.
O SR. CLEOM GUATIMOZIM: Sr. Presidente, Srs.
Vereadores. Nós ouvimos aqui da tribuna o nobre Ver. Werner Becker que,
aproveitando o “buraco negro” da discussão do aumento do funcionalismo, colocou
aqui um outro assunto: Maguefa. Assunto antigo com uma citação nova, segundo S.
Exa., que pelas suas origens não cabe nenhuma responsabilidade à atual
administração e sim o fato novo agora trazido, que a Bancada do PDT responderá
numa hora própria, numa hora que não esteja em discussão o aumento do
funcionalismo. Mas aceita a oportunidade em que V. Exa. traz a esta tribuna. A
verdade é que, se nós verificarmos o período em que o Prefeito Alceu Collares
está na Prefeitura e compararmos com igual período de qualquer outro Prefeito,
nós vamos chegar fácil à conclusão de que foi o maior aumento de vencimentos
acumulados dentro daquele período, maior do que qualquer outro Prefeito. E
aqueles que são bons nessa ciência de adir, podem chegar facilmente a essa
conclusão: é o maior aumento acumulado, em determinado período, dado por um
Prefeito Municipal. Nós sabemos, entretanto, que o Prefeito Alceu Collares teve
que buscar, com recursos próprios da Prefeitura, o dinheiro para as
necessidades prefeiturais, incluindo-se, aí, o vencimento dos funcionários. É o
Prefeito Alceu Collares que foi escolhido o melhor Deputado do Brasil, pela
imprensa nacional, durante diversos períodos, que foi encontrar na anistia
fiscal, na anistia do IPTU, recursos para a Prefeitura Municipal. O Prefeito
Alceu Collares foi buscar, na regularização das construções clandestinas ou
inadequadas, dinheiro para dar cumprimento à necessidades do Município. Ora,
nós sabemos que outras Prefeituras do Brasil, até na mão de outros partidos
políticos, estão em desgraça, o funcionalismo está em atraso porque o governo
estadual faz uma barreira e o governo federal diz amém. Nós sabemos que há um comprometimento
de empréstimos dos governos anteriores e cuja garantia são as quotas de retorno
do ICM. E sabem V. Exas. que o ICM compõe 50% do orçamento municipal, como
ocorre agora, no ano de 1988, e essas quotas de retorno estão na mão do Governo
do Estado, que não precisa boicotar. Eu não acuso o Governador Pedro Simon de
fazer isso, mas basta que o Governo deixe que essa restituição corra pelos
canais competentes, porque ela já chegará com grande atraso à burra municipal
ou não chegará. Então, Srs. Vereadores, nós sabemos que o Prefeito Alceu
Collares foi buscar, com a sua inteligência, com ação da sua equipe, recursos
para dar ao funcionalismo não aquilo que o funcionalismo merece, por que quem é
que ganha nesse País o que merece? Meia dúzia de marajás em cada Estado e que o
povo está preocupado com esses marajás não sei por que. São 8, 10, 20 em cada
Estado. Nós temos no Rio Grande do Sul 4 milhões de habitantes e tem meia dúzia
de marajás, mas não é isso que preocupa, não são os marajás, nós temos que nos
preocupar é com os preços dos supermercados, isto que o povo esqueceu envolvido
com os marajás. Esqueceu o supermercado porque todos os dias alguém fala sobre
os marajás. E tem até o Governador de Alagoas que está em alta por causa dos
marajás. Esses dias, a Rádio Gaúcha, na madrugada, no programa Jaime Copstein,
fez uma pesquisa e eu fiquei horrorizado porque em 324 que votaram, Leonel
Brizola fez 260 e poucos votos – o que era natural – mas o que eu fiquei
surpreso é que Fernando Collor de Melo fez 77 votos, porque está contra meia
dúzia de marajás, mas por que este cidadão, que é Governador, não fala no custo
de vida, contra o arrocho do trabalhador e está preso nos marajás e o povo
acompanha este pensamento? Deixem os marajás para lá, são muito poucos para que
nós possamos nos preocupar.
Então, o Prefeito Alceu Collares não está dando um aumento como
gostariam de ter os marajás, mas é o maior aumento acumulado dentro de
determinado período, maior aumento já dado por um Prefeito Municipal. Muito
obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
A SRA. PRESIDENTE (Gladis
Mantelli): Com a palavra, para
encaminhar, Ver. Jorge Goularte.
O SR. JORGE GOULARTE: Sra. Presidente e Srs. Vereadores. Sobre este
Projeto, este Processo que traz à Casa o reajuste dos funcionários Municipais,
embora não seja o desejável, como nós não podemos alterar os valores
estabelecidos no Projeto, nós gostaríamos de dar uma sugestão ao Prefeito
Municipal em relação ao vale-refeição que é fornecido aos estatutários até o
nível 9 e aos funcionários CLT. Este auxílio, que aumenta um pouquinho os
vencimentos dos funcionários municipais, que tem o valor de 2 mil e 800
cruzados e atinge o limite até 11 mil, 361 cruzados, com este novo aumento que
está sendo dado, aqui fica a sugestão ao Prefeito Municipal: que estenda este
vale-refeição a todos os funcionários municipais, independente do nível, porque
todos consomem a alimentação, e eu que tenho sugerido há muitos anos o
restaurante municipal, alguma coisa que atenda aos funcionários; já que foi criado
o vale-refeição, que seja estendido a todos, inclusive aos técnicos, aos CCs,
porque, repito e enfatizo, todos, como seres humanos, precisam comer.
Diante disso, a sugestão que faço ao Prefeito Municipal e à Bancada do
PDT, ao seu grande Líder, Ver. Cleom Guatimozim, é que estenda o vale-refeição,
independente de faixas, porque todos têm as mesmas necessidades.
É esta sugestão que faço, não incluindo alguma coisa no Projeto que eu
não possa fazer, mas que numa posição, numa providência posterior, que seja
imediata, possa o Prefeito Municipal corrigir uma injustiça, porque, se é para
os funcionários municipais, todos comem, da mesma forma. E seria algo que iria
fazer um pouco mais de justiça ao funcionalismo municipal, já que nós não
podemos aumentar os vencimentos, por força regimental, por vício de origem, o
faremos, indiretamente, através do vale-refeição. Esta é a sugestão do PL e
deste Vereador, neste Projeto. Sou grato.
(Não revisto pelo orador.)
A SRA. PRESIDENTE: Com a palavra, o Ver. Hermes Dutra, para
encaminhar.
O SR. HERMES DUTRA: Sra. Presidente, eu serei breve, só quero é desfazer uma tentativa de equívoco a que o Líder do PDT quer nos induzir e que, ainda anteontem, na discussão da Pauta se tentou também pelo PDT. É que o Sr. Alceu Collares deu 30% em janeiro e 40% em março, o que significa, juntos, o maior aumento da História. Ora, as coisas não são bem assim, nobre Ver. Cleom Guatimozim, o ano passado, o Sr. Prefeito deveria ter dado um aumento de 70% para os funcionários, alegando a falta de recursos, deu um aumento de 20% em novembro e um aumento de 30% em janeiro. Então, esse aumento, nobre Líder do PDT, que V. Exa. salienta, no afã de defender a nobre administração socialista da Cidade, na verdade é o aumento do ano passado. V. Exa. cumprimentou com o chapéu dos outros. O aumento dado este ano não vale somar, porque ele veio atrasado – atrasado que nem trem de antigamente quando chegava na fronteira, Vereador. Era um aumento já dado no ano passado. Então, querer juntar alhos com bugalhos, confundir mestre-de-obra com obra do mestre, não dá certo. Dá certo, naturalmente, se as pessoas não estão prestando atenção. Agora, este Vereador cuida e será o primeiro a vir à tribuna elogiar o Sr. Prefeito no dia em que ele seguir o mau exemplo, repito, dos Prefeitos nomeados, porque eram nomeados, representantes da Ditadura e etc. O dia que ele seguir aquele mau exemplo e voltar o salário do municipário na mesma proporção que era quando ainda no tempo do Prefeito nomeado, aí virei aqui aplaudir o Sr. Prefeito Municipal. Agora, querer tapar o sol com a peneira, dizer que ele deu 30% em janeiro e 40% agora, ou é má-fé, ou má informação. Como eu acho, os nobres companheiros da Bancada do PDT podem até ser ausentes, mas não são de má-fé, eu vou creditar à má informação e vou lembrá-los de que o aumento de 30% dado em janeiro, na verdade, não vale como os 40% de hoje. Nem vou fazer cálculos, porque já cansei e não tenho respostas. Se nos dermos ao trabalho de averiguar o que ganhava um funcionário municipal no início do ano passado, em termos de OTN, e o que ganha hoje, veremos que o arrocho salarial do PDT não fica devendo nada ao arrocho do PMDB.
Por fim, em nome da bancada do PDS, lamentamos e lamentamos profundamente o não atendimento da nossa sugestão dada na tribuna, que era de dar um aumento diferenciado para que aqueles que ganham menos tivessem um aumento maior, porque, se é hora de sacrificar, vamos sacrificar proporcionalmente. Aqueles que já têm um salário maior têm de ser um pouco mais sacrificados em benefício daquele coitado que ganha pouco, que não consegue, com o mísero salário que tem, encher a barriga. Nem vou dizer que isso aí o Prefeito Dib fazia. Não vou dizer, porque V. Exa., Ver. Cleom Guatimozim, dirá que eram coisas da ditadura. Fiz um apelo, no período democrático, para o Sr. Prefeito, mas parece que ele faz ouvidos de mercador às sugestões que se dão nesta Casa, o que é lamentável. Mas, teremos um aumento baixo, munheca, um aumento pão-duro, um pouco aumento, que não representa quase nada e dado ainda de forma linear, como se todos estivessem enchendo a barriga e o Sr. Prefeito pudesse economizar em cima do funcionalismo. É muito triste. S. Exa. poderia e deveria ter dado um aumento maior aos funcionários de menor renda. Não sei se isso é socialismo. Acho que não é prática socialista, mas, dentro do capitalismo que prego, seria uma prática dar um aumento maior aos que ganham menos. Talvez seja o socialismo da administração socialista da Cidade, que pregam que é diferente. Mas, lamentavelmente, vamos aguardar. Não fomos atendidos e vamos aguardar que o Sr. Prefeito, no próximo aumento que mande a esta Casa – e quero fazer o Ver. Kenny Braga porta-voz do meu pedido –, no próximo aumento, dê um pouquinho mais, um pouquinho mais àqueles coitadinhos que ganham um salário, um salário e meio, dois salários mínimos. Os de cima agüentam o arrocho, mas, os de baixo, não. O arrocho, de baixo, está brabo. Não faço desafios como V. Exa. faz, Ver. Kenny Braga, mas vou lhe sugerir que dê só 80% do que dava o PDS. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Frederico Barbosa): Encerrados os encaminhamentos, passaremos ao
processo de votação do PLE n.º 9/88.
Convido os Vereadores Nilton Comin e Hermes Dutra para escrutinadores,
tendo em vista que a votação é secreta.
Solicito à Sra. 1ª Secretária que proceda à chamada nominal dos Srs.
Vereadores para a votação.
A SRA. 1ª SECRETÁRIA: (Procede à chamada nominal dos Srs.
Vereadores.) Votaram 28 Srs. Vereadores, Sr. Presidente.
(É procedido o escrutínio.)
A SRA. 1ª SECRETÁRIA: 27 votos SIM,
1 voto NÃO.
O SR. PRESIDENTE: APROVADO o PLE n.º 9/88.
(Votaram os Srs. Vereadores: Adão Eliseu, Antonio Hohlfeldt, Aranha
Filho, Artur Zanella, Bernadete Vidal, Brochado da Rocha, Caio Lustosa, Cleom
Guatimozim, Clóvis Brum, Ennio Terra, Frederico Barbosa, Gladis Mantelli,
Hermes Dutra, Ignácio Neis, Jorge Goularte, Lauro Hagemann, Luiz Braz, Mano
José, Raul Casa, Terezinha Irigaray, Werner Becker, Nilton Comin, Flávio
Coulon, Isaac Ainhorn, Gétulio Brizola, Pedro Ruas, Auro Campani, Kenny Braga.)
Sobre a mesa, Requerimento de autoria do Ver. Cleom Guatimozim, solicitando seja o PLE n.º 9/88 dispensado de distribuição em avulsos e interstício para sua Redação Final, considerando-a aprovada nesta data.
Em votação. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam
sentados. (Pausa.) APROVADO.
PROC. 0420/88 – PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO N.º 11/88, da Mesa, que reajusta os vencimentos dos funcionários da Câmara Municipal de Porto Alegre e dá outras providências. Obs. Independente de parecer. Art. 143 do Reg. Int.
O SR. PRESIDENTE: Em discussão. (Pausa.) Encerrada a
discussão. Em votação. (Pausa.) Não havendo quem queira encaminhar, passamos à
votação que é secreta.
Convido os Vereadores Nilton Comin e Hermes Dutra para escrutinadores.
Solicito à Sra. 1ª Secretária que proceda à chamada nominal
dos Srs. Vereadores para a votação.
A SRA. 1ª
SECRETÁRIA: (Procede à chamada nominal
dos Srs. Vereadores.) Votaram 26 Srs. Vereadores.
(É procedido o escrutínio.)
A SRA. 1ª
SECRETÁRIA: 25 votos SIM, 1 voto NÃO.
O SR. PRESIDENTE: APROVADO o PLL n.º 11/88.
(Votaram os Srs. Vereadores: Adão Eliseu, Antonio Hohlfeldt, Aranha Filho, Artur Zanella, Bernadete Vidal, Brochado da Rocha, Caio Lustosa, Cleom Guatimozim, Clóvis Brum, Ennio Terra, Frederico Barbosa, Hermes Dutra, Ignácio Neis, Jorge Goularte, Lauro Hagemann, Luiz Braz, Mano José, Raul Casa, Teresinha Irigaray, Werner Becker, Nilton Comin, Flávio Coulon, Getúlio Brizolla, Pedro Ruas, Auro Campani, Kenny Braga.)
Sobre a mesa, Requerimento de autoria da Ver.ª Gladis Mantelli, solicitando seja o PLL n.º 11/88 dispensado de distribuição em avulsos e interstício para sua Redação Final, considerando-a aprovada nesta data.
Em votação. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam
sentados. (Pausa.) APROVADO.
PROC. 0599/87 – PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO N.º
17/87, que
cria funções gratificadas e cargo em comissão e dá outras providências. COM
EMENDA.
Pareceres:
- da CRJ. Relator, Ver. Caio Lustosa: pela aprovação com a Emenda.
- da CFO. Relator, Ver. Jorge Goularte: pela aprovação com a Emenda.
- da CUTHAB. Relator Ver. Isaac Ainhorn: pela aprovação do Projeto e
rejeição da Emenda.
O SR. PRESIDENTE: Em discussão o PLE n.º
17/87. (Pausa.) Com a palavra, o Ver. Werner Becker.
O SR. WERNER BECKER: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores, Srs. funcionários. Vamos criar mais cargos hoje. Há pouco tempo se
alegou que não se podia dar aumento para o funcionalismo, e, agora,
imediatamente, vai-se criar mais cargos. Tormentas na cidade de Porto Alegre,
inundações na cidade de Porto Alegre. Qual a providência para se enfrentar
isto? Criar mais cargos. Será que não foi demonstrado, abundantemente, que as
catástrofes do Rio de Janeiro, que as inundações em Porto Alegre, os
alagamentos em Porto Alegre têm como causa não a falta de funcionalismo
público, não a falta de nomeações? Têm outras causas muito importantes. Têm as
causas estruturais dentro da Cidade, e esta Câmara, agora, vai desconhecer tudo
isto e vai aceitar a receita simples e simplória do Sr. Prefeito, que é criar
mais cargos. E estas catástrofes, estas tragédias, que são catástrofes e são
tragédias porque atingem a pobreza, aqueles segmentos sociais que menos
condições têm para se defender de todas as intempéries, mas será que isto vai
ser resolvido com a criação de cargos? Será que não é uma medida muito simples,
extremamente simplória? Nós temos a Brigada Militar, temos até o Exército. Temos
tantas outras entidades para o enfrentamento destes problemas, e o Sr. Prefeito
resolve que a melhor maneira de resolver esta problemática é criar cargos.
O Sr. Jorge Goularte: V. Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Nobre Ver. Werner Becker, ouço com muita atenção o
pronunciamento de V. Exa., mas perguntaria a V. Exa. se não é válido o
Município integrar-se numa preparação para algo que pode acontecer em Porto
Alegre e que terá que ter um preparo deste Município para não ser pego de surpresa
numa situação como aconteceu no Rio ou em outros locais, e se isso não poderia
ser algo de grande ajuda à população. E pergunto a V. Exa. – acho que V. Exa.
está fazendo uma análise muito inteligente e válida, mas que faço apenas a
colocação de que o Município, me parece, deve ficar preparado para situações
futuras.
O SR. WERNER BECKER: Concordo com V. Exa., mas
não é criando cargos que vai-se preparar para a situação.
(Aparte anti-regimental.)
Em primeiro lugar, Prefeito é o Coordenador Municipal de Defesa Civil.
Pelo amor de Deus, nós temos experiência. Quando acontecem as catástrofes, os
Chefes do Poder Executivo são os primeiros a aparecer no jornal e a pousar na
fotografia e se apresentam como grandes coordenadores. Então, o Coordenador
Municipal de Defesa Civil deve ser o Sr. Prefeito, neste momento – é ele que
faz, ele que sai na fotografia, que sai na manchete. Se esta Casa criar este
órgão, esta Coordenação, vou cobrar desta Casa. Se acontecer alguma calamidade,
quem vai para a manchete? Para a fotografia? É o Chefe do Executivo, neste ou
em qualquer outro Governo. É ele que conhece perfeitamente todo o histórico, é
ele que tem ascendência sobre o Secretariado, sobre todo o funcionalismo, para
convocar. É como criar – V. Exa. que é militar – um comando de chefe das Forças
Armadas.
O Sr. Jorge Goularte: Me parece que esta
coordenação seria antes de acontecer alguma calamidade. Antes que possa
acontecer isso, teria um coordenador para criar um órgão, para coordenar ...
O SR. WERNER BECKER: Para evitar a calamidade?
O Sr. Jorge Goularte: Não, para se prepara para
ela.
O Sr. Adão Eliseu: V. Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Sempre ouço os discursos de V. Exa., que são,
realmente, brilhantes, embora existam problemas de conflitos ideológicos entre
nós, ouço seus discursos sempre com muita atenção, porque estão sempre bem
embasados, V. Exa. é um excelente advogado e sabe estruturar o seu depoimento.
Agora, isso me surpreende que, partindo de V. Exa., com referência a um assunto
tão sério como esse, V. Exa. não tenha tido oportunidade talvez de se
aprofundar um pouco mais e apresentar um argumento um pouco mais adequado à
questão. Há um Coordenador, Cel. Militão, que há um ano e meio coordena a
Defesa Civil do Município gratuitamente, não ganha nada, e o Prefeito, com
vistas a estruturar a Defesa Civil do Município, para se engajar, como disse o
Ver. Jorge Goularte, na Defesa Civil do Estado, porque, neste caso, o Município
tem se encostado. Ele apenas se enquadra na Defesa Civil do Estado, não se
estrutura nos momentos em que não existem calamidades, e, quando não existe
calamidade, Ver. Werner Becker, é quando a Defesa Civil mais trabalha, ela se
estrutura para enfrentar qualquer tipo de problema que a natureza nos
apresenta. É, realmente, um assunto muito sério, e não lhe estou criticando,
apenas solicitando que estude com mais profundidade esse assunto, que é muito
sério. V. Exa. está assumindo um compromisso histórico com essa posição que
está tomando, porque, se ocorrer um vendaval, uma chuvarada nesta Cidade, não
sei o que vai acontecer, pela inexistência da Defesa Civil. Acho uma excelente
medida do Prefeito, não importa que seja Alceu Collares, mas a medida é
importante para a população. Muito obrigado
O Sr. Raul Casa: V. Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Vereador, realmente, V. Exa. é dispensado de qualquer
elogio. Quero dizer que durante 3 anos fui designado para ser o Coordenador da
Defesa Civil desta Cidade, acompanhei, “pari passu”, os dramas desse problema.
Pedi, em 1974, essa providência e conheço profundamente o assunto, por isso,
queria fazer um apelo a V. Exa. para que revise o seu posicionamento diante,
realmente, de um problema que, pessoalmente, me sensibiliza muito, porque na
condição de coordenador, nomeado, sem poderes, eu me vi, em várias
circunstâncias, em muitas ocasiões, sem a mínima possibilidade de fazer algo a
não ser na dependência da boa vontade do Sr. Prefeito, que, muitas vezes,
realmente, não correspondia às necessidades que o assunto requeria. E vou dizer
mais: fiz uma advertência muito séria desta tribuna de que Porto Alegre já
apresenta em encostas do morro, como o Morro da Polícia, Morro Santana,
condições ideais para catástrofes como já ocorreram no Rio de Janeiro. A
criação, talvez com algumas modificações, do Condep em Porto Alegre, realmente,
é uma necessidade que até me surpreende que Porto Alegre não tenha estruturado.
O SR. WERNER BECKER: O Ver. Adão Eliseu me chama
à responsabilidade de que, pela próxima catástrofe, serei eu o responsável, se
não forem criados 4 cargos. E, de outra parte, a iminência dessas tragédias que
V. Exa. anuncia, tenho certeza de que em nada serão obstadas, essas tragédias,
com a criação de 4 cargos. Esses 4 cargos não irão lá, para encosta do Morro da
Polícia, para prevenir a tragédia. Eu não sou contra a defesa civil e nem
contra a defesa militar. Mas quero dizer que não se estrutura uma defesa civil
pela cabeça, já nomeando, criando os cargos em Comissão e, até estes cargos,
deveriam ser cargos de carreira. A defesa civil não é um cargo político do
Município, que tenha que ter carteirinha do Partido. Então se fizesse uma
estrutura no Quadro do Funcionalismo, da Defesa Civil, e esses cargos fossem
providos, Ver. Jorge Goularte, dentro, por concurso público, pelos mais
habilitados, pelos mais capazes, agora, esse Projeto aqui, eu tenho certeza que
as 4 pessoas já estão prontas para serem nomeadas. São 4 nomeações políticas
que, tenho certeza, são de 4 filiados do PDT. Não invalido a condição do PDT
para ocupar cargo, agora, eu só acho que não é a melhor maneira de enfrentar
calamidades, catástrofes, inundações, enchentes, criando cargos em comissão. Se
for criado um órgão dentro do Município, através de uma FG, por funcionário de
carreira, que sabem e vivem as coisas do Município, por formação, podemos
examinar. Agora, criar cargo em comissão, cargos político-partidários para
constituir a defesa civil, Sr. Presidente, Srs. Vereadores, me parece que é um
Projeto quero-quero, o objetivo é um e se veste de uma outra roupagem. Estou
alertando que mais uma vez hoje se vem para a tribuna reclamar que o
funcionalismo ganha pouco, foi mal pago e meia hora de pois vamo-nos comportar
direitinho, quietinhos, comportadinhos, votando os projetos, mais um projeto de
criação de cargos do Sr. Prefeito. Se ele mandasse para cá uma estruturação de
cargos de carreira, dentro da Prefeitura, destinada a organizar e equipar a
defesa civil tudo bem, mas criar 4 cargos políticos da confiança pessoal do Sr.
Prefeito, me parece ser mais um Projeto de ano eleitoral. Sou grato.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Está com a palavra o Ver.
Aranha Filho.
O SR. ARANHA FILHO: Sr. Presidente, Srs.
Vereadores, sinceramente, pensava que este Projeto vindo a esta Casa, já
analisado que foi pela Comissão de Justiça, inclusive apresentando o Ver. Caio
Lustosa uma Emenda, seria tranqüilo, que seria pacífico e pouca discussão em
torno deste assunto aconteceria nesta Casa. Mas tal não ocorreu. O primeiro
orador, Ver. Werner Becker, vem à tribuna e dá as suas razões; solicitei,
inclusive, ao Ver. Caio Lustosa, que falasse antes, já que havia-se inscrito e
esta possibilidade aconteceu.
Ver. Werner Becker, realmente, ninguém de sã consciência, emprestado de outros setores do Executivo pode desenvolver uma atividade principalmente à testa de um organismo tão sério como a Defesa Civil do Município. O simples empréstimo faz com que a criatura, vez por outra, analise as questões de segurança de nossa Cidade de uma forma não em termos prioritários, mas em termos secundários. Somente com um quadro estruturado, como vem o Projeto do Executivo, é que possibilitaria que os responsáveis pela Defesa Civil pudessem atuar 24 horas/dia em cima dos assuntos tão aflitivos para a nossa Cidade. Por empréstimo, ou não num sentido não prioritário, essas situações não acontecem, nobre Vereador. Acho inclusive que o Projeto de Lei enviado à Câmara é extremamente acanhado, acho que necessitaria um estudo mais profundo, após esse, para se fazer uma avaliação. Inclusive V. Exa. teceu comentários a respeito de um fato partidário, que já tem fotografia os quadros. Essas funções devem ter as fotografias, já que, à testa do Governo Municipal, existe uma pessoa que tem partido e deve ter seus partidários. Se existir responsabilidades, os responsáveis são exatamente eles e, neste caso, o Sr. Prefeito. Se formos analisar a situação de conselhos fora do Brasil, em outros países mais avançados, diria a V. Exa. que são funções de carreira, têm as criaturas nessa situação idades extremamente avançadas, mas com conhecimentos de causa que causam inveja a quem os visita, a quem os solicita informações. Realmente, V. Exa. tem razão quando encontra a forma de Cargos em Comissão que seriam destinados a correligionários do Prefeito atual. Porém, as eleições se aproximam e um novo Governo deve adentrar no Paço Municipal, outros serão. Mas, acredito, nobre Vereador, que, aprovado em regime até emergencial esse Projeto do Sr. Prefeito, não emergencial no sentido lato, mas no sentido de que nós necessitamos urgentemente da Defesa Civil no nosso Município, é que entendo que, após isso, a nossa Comissão de Saúde e Meio Ambiente desta Casa poderia analisar este caso, como pretende, mais amiúde, com maior tranqüilidade e oferecer ao Executivo Municipal uma situação mais duradoura que esta emergencial.
Nós necessitamos, por isso, Ver. Werner Becker, de tanta coisa para a
Defesa Civil que diria que ela existe há muito tempo no papel e pouca coisa é
feita, justamente por causa desta condição de suplentes, e dos integrantes da
comissão estarem lá com uma segunda prioridade. Não tem condições de realizar
um bom trabalho.
O Sr. Werner Becker: V. Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) V. Exa. mesmo disse que estes quadros em outro País
são compostos por pessoal técnico especializado, habilitados especificamente.
Então veja que nós criamos um serviço e que já vamos deformá-lo,
indelevelmente, com este critério de que é nomeado em cargo em confiança. Não
tenho nada contra que seja do PDT, PMDB, PSB, do “partido do Marronzinho”, para
preencher um cargo, se compete e tecnicamente. Agora, veja que não é este o
critério. Se quer fazer uma coisa séria, em matéria de defesa civil, que mande
um plano para cá, um projeto, uma estruturação, porque este Projeto de Lei é
apenas para a criação de quatro cargos, nada mais informa, sob a desculpa de
que se está criando o sistema de defesa na Cidade. Apertando, cria 4 cargos.
Nada mais diz, nada mais diz, nada mais informa, sobre a desculpa de que está
se estruturando um sistema de defesa civil na Cidade. E sabe V. Exa. que
medidas desse tipo não são nada e até desvirtuam o serviço e não contribuem em
nada para a Defesa Civil.
O SR. ARANHA FILHO: Nobre Vereador, eu discordo
de V. Exa. Entendo que o Coronel Militão teria condições de apresentar ao Sr.
Prefeito Municipal um quadro ampliado, exatamente como V. Exa. prega, pregou da
tribuna e agora em aparte, tem condições de estabelecer um quadro de funções,
estabelecer um quadro, um programa para a Defesa Civil do Município.
Mas o que eu não posso entender, Nobre Vereador, é que fatos ocorridos,
por exemplo, no Rio de Janeiro, que foram mostrados para todo o Brasil e até
para o exterior, é isso que não posso entender, que membros da Defesa Civil
estejam a pedir, por incrível que possa parecer, picaretas por empréstimos,
pilhas por empréstimos, para poderem socorrer as vítimas daquela catástrofe.
O Sr. Werner Becker: V. Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Mas esse Projeto não fala em picaretas, fala em
criação de cargos.
O SR. ARANHA FILHO: Nobre Vereador, eu estou
dando um exemplo a V. Exa., porque apagar incêndio, isso a Brigada Militar, com
seu Corpo de Bombeiros, sabe, mas o importante é prever as situações.
Então nós temos que dar condições à Defesa Civil para que possa prever
alguma coisa.
Eu perguntaria a V. Exa., Nobre Vereador, só para ter uma idéia, o que
ocorre, por exemplo, numa situação emergencial: Incêndio na Rua Voluntário da
Pátria. Quantos organismos entram em cena numa situação dessas, ou será que não
precisa, hoje, de um coordenador? Por exemplo, situação de trânsito, como vão
fazer para que os carros cheguem até lá, com essa rua estreita? Então entra a
Brigada Militar, entra a Secretaria Municipal dos Transportes. Para problemas
de incêndios, existem 3 leitos na UTI do Pronto Socorro para grandes queimadas.
Existe, no mínimo, 4 Secretarias envolvidas no mesmo assunto, só na
área municipal. Quem pode coordenar? O Sr. Prefeito? O Sr. Prefeito não tem
condições para pensar em segurança. Vejam V. Exas., só para dar uma idéia, eu
sou um técnico, engenheiro de segurança do trabalho, que, pelo treinamento, eu
vejo problemas onde, muitas vezes, os problemas não acontecem ou não têm
condições de acontecer. Mas, pelo treinamento, eu estou seguidamente vendo o
que poderia acontecer se algo ocorresse. Por exemplo, não existe prédio em que
eu não entre e veja uma saída de emergência ou veja a situação dos extintores e
hidrantes. É um costume que eu tenho. Agora, ...
O SR. PRESIDENTE: A Ver.ª Bernadete fez a sua
inscrição e o Ver. Aranha Filho poderá continuar na tribuna com a aquiescência
dos Vereadores Lustosa e Adão Eliseu, que estão inscritos a seguir. V. Exa.
continua na tribuna por mais 10 minutos.
O SR. ARANHA FILHO: Eu só queria contar mais um
caso que passou despercebido por esta Casa: foi uma providência da Defesa Civil
do Estado que, me parece, também anda pedindo socorro, porque esses organismos
são formados e não são cobrados. Eu acho que deveriam ser cobrados. Nós, da
Câmara Municipal, devemos cobrar a existência da Defesa Civil do Município.
Então, há uns três anos, esta Casa aqui comentou muito assunto que foi a
prevenção, o acidente simulado no Aeroporto Salgado Filho. Se a Defesa Civil do
Estado tivesse se organizado para retirar daquele treinamento o material
didático sobre aquele evento, hoje, eu tenho certeza de que o Hospital de
Pronto Socorro não estaria como está. Os heliportos, tão necessários para Porto
Alegre, já estariam resolvidos e, de repente, os helicópteros aterrissam na
frente do Pronto Socorro, e na tentativa de salvar uma pessoa, certamente vão
causar uma catástrofe em que poderão morrer muitos.
Então, são situações de que, se nós retirássemos lições, didaticamente,
para poder desenvolver a partir daí programas de prevenção, seria ótimo. E,
para isto é necessário que haja responsáveis por este setor, é o que peço,
nobre Ver. Werner Becker, que reflitam. Hoje, nós estamos numa situação
emergencial, talvez dando oportunidade ao Prefeito de nomear, por cargos em
Comissões 4 correligionários seus. Mas, quem sabe, a partir daí, nós, na
Comissão de Saúde e Meio Ambiente, e isso eu firmo um compromisso com V. Exa.,
antes do 2º semestre, já tenhamos uma definição a respeito para encaminhar ao
Executivo uma proposta para arrumar definitivamente a Defesa Civil?
O Sr. Jorge Goularte: V. Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Nobre Vereador, V. Exa., que é um conhecedor profundo
da matéria, faz uma análise importante a respeito.
Há alguns anos atrás, até o Ver. Raul Casa, em 74, foi o Coordenador
desta área, mas, em 75, eu propus ao Município a criação de um órgão que
centralizasse todas as Secretarias e Departamentos em caso de calamidade
pública, que eu chamei de DMAC, Departamento Municipal de Ação Conjugada. Como
não saiu este Departamento e, agora, pretende-se criar um Conselho, eu penso
que é um bom caminho, é o passo inicial para se chegar a uma situação melhor,
em que o Município possa estar preparado. É o prever para prover.
O SR. ARANHA FILHO: Eu agradeço, nobre Vereador,
mas eu diria que de fato existe a solicitação e, por isso, estão, nesta Casa,
para aprovação, 4 cargos, e com a Emenda do Ver. Caio Lustosa, três seriam os
cargos, seriam eles os responsáveis pela Defesa Civil do Município. Porém, no
Projeto que eu tenciono trazer à apreciação desta Casa, de direito, o
responsável pela defesa civil é o Sr. Prefeito Municipal, onde todos os
Secretários do Município serão membros natos deste Conselho em regime
prioritário. Ninguém pode, de sã consciência, abrir mão deste direito, já que,
quando acontecem as catástrofes, todos os primeiros mandatários das Secretarias
estão ali, em regime emergencial, para resolver os problemas. Mas isto ocorre
depois que a casa foi arrombada, depois que o incêndio aconteceu. Então, o que
importa – e aí sim pode existir a cobrança – é que haja planejamento.
O Sr. Werner Becker: V. Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) V. Exa. não traz uma palavra passional, nem
partidária. V. Exa. não entende que, quem por acaso tem um ponto de vista
contrário ao Projeto, contrário ao de V. Exa., passa a ser seu inimigo, nem
está a serviço de outra coisa. Isto me deixa à vontade para lhe fazer uma
pergunta: Em que a criação destes quatro cargos pode contribuir para a Defesa
Civil da Cidade?
O SR. ARANHA FILHO: Destes quatro elementos, um
seria Coordenador, outro chefe de equipe e os restantes seriam colaboradores
dos diversos órgãos. Eles apenas estariam dirigindo estas equipes e, um,
coordenando. Eles teriam condições de, num tempo bem menor, oferecer projetos
de planos para prevenir acidentes e catástrofes em nossa Cidade.
Eu diria que urge a formação deste quadro, mas estou de acordo com V.
Exa. quando diz que é um quadro partidário. Se, por acaso pudesse ser efetivo,
quadro de carreira, eu daria a mão à palmatória e concordaria com V. Exa.
Porém, o assunto é tão sério que exige que nós pensemos e votemos, com rapidez
inclusive, para que estes planos possam chegar a esta Casa e estejam à
disposição da população de Porto Alegre.
O Sr. Ennio Terra: V. Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Estou ouvindo atentamente o seu pronunciamento,
porque V. Exa. é um técnico em higiene do trabalho e tem relação com este
Projeto que é de prevenção, agora, a minha intervenção, nobre Vereador, é sobre
a preocupação do Ver Werner Becker de que seja cargo político; o Ver. Raul Casa
fez uma exposição, já que ele esteve à testa da Defesa Civil durante três anos,
que não era um órgão oficial, e sim de alguns elementos de boa vontade, que ele
dirigia. Portanto, eu gostaria que o nobre Ver. Werner Becker fizesse uma
reflexão, porque o Governo do PDT está se inspirando...
O SR. ARANHA FILHO: Ver. Isaac, permite? V. Exa.
está na linha direta. Obrigado
O Sr. Ennio Terra: Gostaria que o Ver. Werner
Becker fizesse uma avaliação, pois estamos criando um setor para o futuro,
porque, atualmente, o PDT vai dirigir até o final do ano, portanto, com a
exposição do Ver. Raul Casa e de outros que se fizeram presentes, gostaria que
todos nós fizéssemos uma reflexão, pois existe a necessidade da criação do
órgão.
O Sr. Mano José: V. Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Nobre Vereador, ouvi uma expressão de V. Exa. dizendo
que gostaria que essas chefias fossem do quadro de carreira da Prefeitura, e,
pelo Projeto do Prefeito, apenas o Coordenador poderá ser estranho aos quadros
do Município, os três chefes de equipe deverão ser funcionários da Prefeitura,
pelo dígito 1.
O SR. ARANHA FILHO: Talvez tenha me expressado
mal, mas acharia que o quadro deveria ser preenchido por técnicos habilitados
com concurso. Se por acaso os servidores fossem habilitados, tudo bem, mas digo
com concurso público e efetivados os melhores na área. E o exemplo que citei
que, em outras partes do mundo, mais avançadas, conheço instituto em o Diretor
responsável pelo instituto já beirava os 80 anos de idade com um conhecimento
de causa incrível. Foi nesse sentido que fiz a colocação.
O Sr. Mano José: V. Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Deverá existir, no quadro da Prefeitura técnicos à
altura de ocupar. Não sei se esses técnicos habilitados serão do Partido do Sr.
Prefeito ou não. Esta é uma incógnita, mas, de qualquer forma, toda ocupação de
chefia sempre é partidária.
O SR. ARANHA FILHO: É um projeto emergencial e
necessitamos da formação desse quadro imediatamente. Após isto, nós, da
Comissão de Saúde e Meio Ambiente, iremos, juntamente com a Defesa Civil do
Município, estudar este quadro, a fim de fazer uma proposta ao Sr. Prefeito
Municipal para o envio de um projeto definitivo para a Defesa Civil do
Município, já que deve atender, e muito, uma ação que deveria ser coordenada
para Porto Alegre também com a Defesa Civil do Estado, que, em nosso entender,
está deixando a desejar. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Encerrada a discussão.
(Pausa.) Em votação. Para encaminhar, pelo PMDB, com a palavra, o Ver Caio
Lustosa.
O SR. CAIO LUSTOSA: Sr. Presidente, Srs.
Vereadores. Tendo sido relator desse Processo em que o Executivo pretende a
criação de quatro cargos para prover o funcionamento do chamado Conselho
Municipal de Defesa Civil, tivemos o cuidado, justamente com receio de que
seria apenas a criação de mais cargos e não a montagem de uma estrutura eficaz,
necessária para, principalmente, a prevenção dos acidentes e das tragédias
naturais do Município de Porto Alegre. Nós tivemos o cuidado de, até irritando,
por vezes, as pessoas interessadas na criação desse conselho, fazer mais uma diligência junto ao Executivo para
que ele explicitasse, realmente, as funções, os deveres, os encargos deste
Conselho e, mais ainda, nos trouxesse informações sobre o que já havia sido
feito neste período de funcionamento praticamente oficioso. E, realmente, nós
temos esta preocupação, achamos que a defesa civil, e principalmente pela
importância que assume esta verdadeira civilização de risco, de perigo do mundo
atual, nos grandes centros como Porto Alegre, precisa ter uma estrutura mais
profissional, como colocava o Ver. Aranha Filho; não deve ser algo para apenas
funções de confiança, que não tenham junto de si uma estrutura eficaz para os
momentos de emergência. Esta falha, a gente sabe, preside todos os conselhos de
defesa civil, tanto federal, estadual como municipal. As tragédias do Rio estão
a nos demonstrar isto, principalmente a carência de aparelhagem, dos recursos
mínimos, pás, picaretas, que os cidadãos procuravam trazer para as autoridades
para que atendessem aquela situação de emergência. Então, nós nos preocupamos
com isto, e inclusive achamos por bem apresentar uma Emenda no sentido de
reduzir de 4 para 3 os cargos que o Prefeito propõe, eis que não podemos,
inclusive, modificar a forma de provimento, a meu ver, segundo a proposta, por
exemplo, do Ver. Aranha Filho, em vez de provê-los em comissão ou função
gratificada, mas de forma efetiva e com funcionários do quadro, efetivos da
municipalidade, então optamos por reduzir e deixar uma estrutura mínima desses
4, ao invés de 4, reduzir para 3, mas não obstaculizar esta estrutura que
entendemos que é mínima e que deve ser criada a nível de Município.
Nós sabemos que é muito tímido o Projeto do Executivo. Acho que a
partir daqui podemos avançar para a futura administração ou talvez criar uma
estrutura que não pode ficar adstrita à simples criação de cargos. Nós achamos
que esta criação de emergência é tão importante, e aí caberá uma tarefa aos
primeiros titulares destes cargos de procurar, antes de tudo, fazer uma rede de
defesa civil, de coordenação, tanto a nível municipal como a nível do Executivo
Estadual, da Brigada Militar, Corpo de Bombeiros e inúmeros órgãos que nestas
situações de emergência são forçosamente convocados. Não vai ser com 3 ou 4
exercentes de função, ou cargo em comissão no CONDEC Municipal, que uma
situação de emergência de proporções muitas vezes enormes vai ser atendida. É
um esforço que até transcende os próprios quadros do Município e a população
toda se envolve num voluntariado que se impõe nestas situações. Então, Sr.
Presidente, Srs. Vereadores, inclusive alertando para o fato de que há 4 anos
estamos pleiteando, tanto do Executivo anterior como do atual, a implementação
do controle das cargas perigosas no território de Porto Alegre. Há uma omissão
flagrante, tanto do Município como do Estado, e agora mesmo estamos propondo ao
Secretário de Meio Ambiente, Antenor Ferrari, a implementação de uma rede
preventiva, porque quase todas as semanas os caminhões de cargas perigosas e os
navios estão aí nos ameaçando com acidentes que poderão ser de gravíssimas
proporções. Por isso, nós, em nome da Bancada do PMDB, encaminhamos
favoravelmente à criação destes cargos, com uma emenda que nós apresentamos,
reduzindo de 4 para 3 a criação destes cargos propostos pelo Executivo. Muito
obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Próxima Bancada inscrita é
a Bancada do PDT, através do Ver. Adão Eliseu. V. Exa. tem 5 minutos.
O SR. ADÃO ELISEU: Sr. Presidente, Srs.
Vereadores. Assim como o Ver. Aranha Filho se manifestou, quando disse que se
surpreendeu pelo fato de ter o Ver. Werner Becker apresentado argumentos
contrários ao Projeto, o que é um direito seu, eu também me surpreendo, pois
não seria nem necessário discutir um Projeto como esse, um Projeto pequeno,
modesto, que iguala a Capital do Estado aos demais Municípios do Estado do Rio
Grande do Sul. Vejam os Senhores, é a única cidade no Rio Grande que não tem
Defesa Civil estruturada. Tenho certeza de que estou falando em nome de V.
Exa., Ver. Jorge Goularte, até pelos apartes que V. Exa. manifestou nesta
manhã, em favor do Projeto. Eu quero dizer, Ver. Caio Lustosa, que de Defesa
Civil, modéstia à parte, eu entendo um pouco, tive alguns cursos sobre Defesa
Civil e poderia até servir para ajudar, não me utilizaram porque não quiseram,
ou não sabiam que eu tinha alguns conhecimentos sobre Defesa Civil. Defesa
Civil não tem nada a ver com picareta.
Ver. Aranha Filho, também gostaria de informar a V. Exa., que é
conhecedor do assunto, que Defesa Civil não é picaretagem, tem que saber onde
buscar a picareta. Então, no momento de paz, no momento de tranqüilidade, no
momento do planejamento, a Defesa Civil tem que ter coordenação para saber onde
buscar o helicóptero, onde buscar cordas para salvamento, como convocar os
Bombeiros, como convocar os setores da Brigada Militar. Agora, para planejar
isso aí, Ver. Werner Becker, tem que ter, no mínimo, esses quatro elementos,
que eu acho muito pouco até. Observe V. Exa. a estrutura da Defesa Civil do
Estado, que funciona no Palácio Piratini. Eles têm uma literatura que
distribuem, inclusive, aos Prefeitos do interior, ensinando como estruturar a
Defesa Civil do interior, como buscar recursos para os momentos necessários.
Francamente, eu tenho certeza de que o Ver. Werner Becker e talvez outros que
estejam propensos a não votarem favoravelmente ao Projeto, vão repensar, vão
reestudar, é um apelo que faço também no sentido da aprovação desse Projeto. Eu
não estou tentando agradar a ninguém, estou convicto até de que o Projeto é
muito pequeno até para as necessidades. Graças a Deus não tivemos a experiência
que teve o Rio de Janeiro, mas observem que cada vez que chove na Grande Porto
Alegre, especialmente nas Ilhas do Guaíba, nós nos vemos na contingência de
botar flagelados em escolas, no cais do porto, sem estrutura, sem nada, sem
local para colocar as crianças para dormirem, é tudo, tem sido tudo
improvisado, parece até que a Defesa Civil de Porto Alegre, nos vários
governos, inclusive neste, se vale da estrutura da Defesa Civil do Estado e não
cumpre as suas obrigações. Se quisermos uma Defesa Civil bem estruturada, nós
teremos que colher maiores dados, inclusive aprovando este Projeto na sua
totalidade, e estudar uma maneira de aquinhoar melhor a Defesa Civil. Queira
Deus que não aconteçam coisas que aconteceram em vários Estados do nosso País.
Encaminho favoravelmente, deixo de argumentar, porque acho
desnecessário, não estou agradando a ninguém, estou fazendo aquilo de que tenho
convicção: que a Defesa Civil é necessária. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Com a palavra, o Ver Raul
Casa, para encaminhar pelo PFL.
O SR. RAUL CASA: Sr. Presidente, Srs.
Vereadores. Realmente hoje é um dia histórico, pelo menos para este Vereador,
já que estive muitos anos envolvido diretamente com este problema. A Defesa
Civil é uma necessidade absolutamente inadiável para a nossa Cidade em termos
de administração, em termos de constatação de realidade. Não vou me ater aos
aspectos do envolvimento da máquina administrativa e de apoio da Prefeitura,
quer através do DMLU, quer através da Secretaria Municipal de Saúde, quer
através da SMOV. Mas, é muito mais importante a Defesa Civil não emergência,
mas no aspecto da prevenção. E por falar em prevenção, quero me referir aqui a
um dado extremamente alarmante em nossa Cidade que é o problema de prevenção de
incêndio. Diz o nosso técnico, o Ver. Aranha Filho, Presidente da Comissão de
Saúde e Bem Estar da Casa, que a nossa Cidade dispõe apenas de dois engenheiros
para o setor. A nossa Cidade, no aspecto de prevenção de acidentes, que seria
uma das atribuições da Defesa Civil, está totalmente desaparelhada, quando nós
precisaríamos no mínimo de vinte engenheiros para se fazer a fiscalização. E
não se trata apenas de se socorrer as populações atingidas por calamidades e
por catástrofes durante o período crítico, mas acima de tudo para a prevenção,
para o alertamento e para que se faça o remanejamento daquela população que se
encontra em posição de ser atingida por calamidade.
A Bancada do PFL encaminha favoravelmente e eu, pessoalmente, vejo o
dia de hoje como um dia histórico e de grande alegria pessoal. Tenho certeza de
que se for preenchido com a cupinchada, eles vão se mostrar deficientes, porque
para este trabalho é preciso pessoal extremamente técnico, extremamente
competente e atilado e nós estaremos aqui, não apenas para cobrar um trabalho
do Executivo Municipal, mas também para chamá-la à responsabilidade toda a vez
que a Defesa Civil falhar, quer na prevenção, quer no atendimento rápido das
populações atingidas por todos os tipos de calamidade. Sou grato.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Encerrados os
encaminhamentos, entramos no processo de votação. A votação é secreta.
Solicito à Sra. 1ª Secretária que proceda à chamada nominal dos Srs.
Vereadores para a votação.
A SRA. 1ª SECRETÁRIA: (Procede à chamada nominal
dos Srs. Vereadores.) Votaram 23 Srs. Vereadores.
O SR. PRESIDENTE: Convido os Vereadores Artur
Zanella e Auro Campari para escrutinadores.
(É procedido o escrutínio.)
A SRA. 1ª SECRETÁRIA: 19 votos SIM, 2 votos NÃO e 2 votos em branco.
O SR. PRESIDENTE: APROVADO o PLE n.º 17/88
(Votaram os Srs. Vereadores: Adão Eliseu, Antonio Hohlfeldt, Aranha
Filho, Artur Zanella, Bernadete Vidal, Brochado da Rocha, Caio Lustosa, Cleom
Guatimozim, Ennio Terra, Frederico Barbosa, Gladis Mantelli, Hermes Dutra,
Jorge Goularte, Lauro Hagmann, Luiz Braz, Mano José, Raul Casa, Flávio Coulon,
Isaac Ainhorn, Getúlio Brizolla, Pedro Ruas, Auro Campani, Kenny Braga.)
Passamos, agora, à votação da Emenda.
Solicito à Sra. 1ª Secretária que proceda à chamada nominal dos Srs.
Vereadores para votação.
A SRA. 1ª SECRETÁRIA: (Procede à chamada nominal
dos Srs. Vereadores.) Votaram 24 Srs. Vereadores, Sr. Presidente.
(É procedido o escrutínio.)
Doze votos SIM, 12 votos NÃO.
(Votaram os Srs. Vereadores: Adão Eliseu, Antonio Hohlfeldt, Aranha
Filho, Artur Zanella, Bernadete Vidal, Brochado da Rocha, Caio Lustosa, Cleom
Guatimozim, Ennio Terra, Frederico Barbosa, Gladis Mantelli, Hermes Dutra,
Jorge Goularte, Lauro Hagmann, Luiz Braz, Mano José, Raul Casa, Werner Becker,
Flávio Coulon, Isaac Ainhorn, Getúlio Brizolla, Pedro Ruas, Auro Campani, Kenny
Braga.)
O SR. PRESIDENTE: Houve empate na votação.
A votação será repetida, em vista, inclusive, da votação do Sr.
Presidente da Casa em votação secreta. Vamos fazer nova chamada e vamos
reiniciar a votação da Emenda.
O SR. FLÁVIO COULON: Sugiro que o Presidente
assuma.
O SR. PRESIDENTE: O Sr. Presidente estava no
Plenário e votou. O Presidente não tem o Voto de Minerva, porque ele vota neste
caso; consequentemente, é o Plenário que decide.
O SR. HERMES DUTRA (Questão
de Ordem):
Sr. Presidente eu acho que é óbvio: sendo Votação Secreta, não há desempate em
aberto, terá que ser feito na urna o desempate.
O SR. PRESIDENTE: Exatamente o que a Mesa
acaba de encaminhar, Vereador. A votação foi secreta com a votação de todos,
inclusive do Presidente. O empate será dirimido com nova votação.
Solicito à Sra. 1ª Secretária que proceda à chamada nominal dos Srs.
Vereadores para votação.
A SRA. 1ª SECRETÁRIA: (Procede à chamada nominal
dos Srs. Vereadores.) Votaram 24 Srs. Vereadores.
(É procedido o escrutínio.)
A SRA. 1ª SECRETÁRIA: 12 votos SIM, 12 votos NÃO.
(Votaram os Srs. Vereadores: Adão Eliseu, Antonio Hohlfeldt, Aranha
Filho, Artur Zanella, Bernadete Vidal, Brochado da Rocha, Caio Lustosa, Cleom
Guatimozim, Ennio Terra, Frederico Barbosa, Gladis Mantelli, Hermes Dutra,
Jorge Goularte, Lauro Hagemann, Luiz Braz, Mano José, Raul Casa, Werner Becker,
Flávio Coulon, Isaac Ainhorn, Getúlio Brizolla, Pedro Ruas, Auro Campani, Kenny
Braga.)
O SR. PRESIDENTE: Srs. Vereadores, o empate
voltou a se repetir, e necessitamos de uma nova votação.
Solicito ao Presidente da Casa assumir a direção dos trabalhos.
(Às 13h06min, o Sr. Brochado da Rocha assume a Presidência dos
trabalhos.)
O SR. PRESIDENTE (Brochado
da Rocha): Questão de Ordem com Ver. Kenny Braga.
O SR. KENNY BRAGA (Questão
de Ordem):
Tenho a idéia de que os que votaram sim, continuam votando sim, e os que
votaram não, continuam votando não, e não vão mudar o voto, e vamos para uma
nova votação sem a possibilidade de resolver o impasse: sugiro que se suspenda
a Sessão, fazendo a nova votação na segunda-feira, com o Plenário completo.
O SR. WERNER BECKER (Questão
de Ordem):
Com o maior respeito à Mesa, mas acho que ela laborou um equívoco quando
procedeu à segunda votação; entendo mais o seguinte: que, por sorte, entendo
eu, o resultado da segunda foi o mesmo da primeira, antecipo, até, embora
secreto, que votei sim, de acordo com a emenda do Ver. Caio Lustosa, mas acho
que o Regimento Interno é muito claro, a Emenda, ou o Projeto, para ser
aprovado, precisa maioria simples. O que é maioria simples? É 50% mais um dos
presentes. Para um Projeto ou uma emenda serem aprovados, precisa a metade mais
um. Se empatou, a emenda não conseguiu aprovação e, portanto, foi rejeitada. É
um raciocínio claro.
O SR. CLEOM GUATIMOZIM
(Questão de Ordem): A Liderança do PDT, não só encampa a exposição do Ver. Werner Becker,
como invoca o Art. 116 em seu Parágrafo Único.
O SR. PRESIDENTE: A Mesa pede um tempo para
ler o art. 116.
As intervenções poderão ser múltiplas, inclusive a Mesa acolhe a
interpretação do Ver. Werner Becker, entretanto, face à complexidade do Art.
116, em seu Parágrafo Único, que é a Seção 3, da votação, coloca a matéria,
como diz o referido artigo: “...votação será repetida na Ordem do Dia seguinte;
se persistir o resultado, a proposição será arquivada”. E atende, por isto, ao
requerido pelo Ver. Cleom Guatimozim. Passa para a Ordem do Dia seguinte.
O SR. ARANHA FILHO (Questão
de Ordem):
Sr. Presidente, entendi o que V. Exa. disse a respeito do art. 116, porém
acredito que prevalece a Questão de Ordem do Ver. Werner Becker.
O SR. PRESIDENTE: Até acredito que possa
prevalecer, porém nada mais claro do que, quando há empate, o Regimento
manda...
O SR. WERNER BECKER: Não é tão fácil assim. Se a
Lei Orgânica estabelece, este artigo pode ser inorgânico.
O SR. PRESIDENTE: O Regimento Interno mandava
fazer a repetição de votação, no que o Sr. Vice-Presidente, na condução dos
trabalhos... Há muita coisa, neste Regimento, inorgânica.
O SR. ANTONIO HOHLFELDT
(Questão de Ordem): Por incrível que pareça, em primeiro lugar, pediria que se tirasse o
chiclete do botão do microfone que, aliás, está aqui há várias Sessões, de modo
que os cuidados da Casa não estão funcionando muito bem com o microfone da
Casa. Em segundo lugar, querendo colaborar com a Mesa, acho que a decisão de V.
Exa., art. 116, é fundamental, mas queria acrescentar o seguinte: enquanto
isso, encaminhar, e quanto a isso acho que V. Exa. pode decidir melhor, para
análise da Auditoria ou da Comissão de Justiça, ou ambas, simultaneamente,
tendo em vista que antes da próxima Sessão e da questão levantada pelo Ver.
Werner Becker, ou seja, nós podemos ser regimentais e acabar sendo inorgânicos.
Suspendemos para poder apreciar, em princípio, seguindo o R.I., mas tendo a
garantia de termos o parecer, até segunda à tarde, da Auditoria e da Comissão
de Justiça, ou de ambas, para nos orientar quanto à adaptação do R.I. e da L.O.
para que até, se for o caso, a Mesa possa providenciar num Projeto de Resolução
que mude o R.I. e não cometamos aqui erro de inorganicidade na nossa decisão.
O SR. PRESIDENTE: A Mesa responde duas
coisas: 1.º) Determinará imediatamente um combate ao chiclete. Ponto 2. Segue o
R.I., cabendo aos Srs. Vereadores, Ver Antonio Hohlfeldt, medirem, inclusive
esta Presidência, que pega o assunto neste momento tumultuado, para refletir
até segunda-feira, para se posicionar neste assunto e até a própria Comissão de
Justiça, que até segunda-feira terá uma posição. Quer dizer, fica assim o
assunto e, conforme for, os nossos estudos globais, dos 33 Vereadores
componentes da Casa, de enviar ou não à Comissão de Justiça, não fazendo agora
previamente porque poderia causar um problema.
O SR. ANTONIO HOHLFELDT
(Questão de Ordem): Sr. Presidente, não querendo dialogar com a Mesa, mas parece que seria
de toda a maneira prudente, até para adiantar qualquer decisão, que a Auditoria
nos desse pelo menos uma orientação.
O SR. PRESIDENTE: Exatamente. Será feito.
O SR. WERNER BECKER (Questão
de Ordem):
A primeira, que V. Exa. solicitasse ao Ver. Flávio Coulon que saísse da frente
para que eu visualize a Presidência. Gostaria que V. Exa. me informasse se V.
Exa. vai consultar a Auditoria e as Comissões, em concreto sobre o caso ou em
tese sobre o artigo.
O SR. PRESIDENTE: Em tese.
O SR. WERNER BECKER: Mas, em tese, V. Exa.
levantaria algo como semelhança na argüição de inorganicidade em tese.
O SR. PRESIDENTE: Se há alguma inorganicidade
do art. 116, parágrafo único?
O SR. WERNER BECKER: Em tese. Me parece que a
estrutura aí é sistemática, como vem decidindo o Supremo Tribunal Federal, não
permite que se levante, em tese, essas inconstitucionalidades. Por isso, para
não dar margem – V. Exa. sabe do que estou falando – a outros problemas que
está dizendo que a própria Câmara levanta em tese, seria melhor levar em concreto o caso.
O SR. PRESIDENTE: A Mesa fará os dois, então,
mas deixa bem claro que a Auditoria é apenas um órgão auxiliar da Casa, sem
nenhuma força cogente.
(Adiado por 5 sessões.)
PROC. 1932/87 – PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO N.º
51/87, que
autoriza o Município a permutar imóveis de sua propriedade por imóveis de
propriedade de Carlos Nunes da Silva e Sérgio Couto Costa Filho.
Pareceres:
- da CJR. Relator, Ver. Caio Lustosa: pela
tramitação.
- da CFO. Relator Ver. Auro Campani: pela
tramitação.
- da CUTHAB. Relator Ver. Frederico Barbosa:
pela tramitação.
Solicito à Sra. 1ª Secretária que proceda à chamada nominal dos Srs. Vereadores para verificação de “quorum”.
(A Sra. 1ª Secretária procede à chamada.)
A SRA. 1ª SECRETÁRIA: Não há “quorum”, Sr.
Presidente. Estão presentes os Vereadores Artur Zanella, Brochado da Rocha,
Caio Lustosa, Flávio Coulon, Frederico Barbosa, Gladis Mantelli, Hermes Dutra,
Luiz Braz e Werner Becker.
O SR. PRESIDENTE: Não há “quorum”. Estão
encerrados os trabalhos.
(Levanta-se a Sessão às 13h21min.)
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